Dólar Ganha Fôlego com Dados Sólidos dos EUA e Esfria Expectativas de Flexibilização do Fed

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O dólar norte-americano registou ganhos expressivos na semana de 15 a 19 de Julho, impulsionado por uma série de dados económicos positivos nos EUA que reduziram as apostas de cortes iminentes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal. A turbulência em torno das críticas de Donald Trump ao presidente da Fed e o clima político no Japão alimentaram ainda mais a procura pela moeda como activo de refúgio.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda face a seis das principais divisas globais, subiu para 98,57, sinalizando um avanço semanal de 0,72%, após já ter acumulado 0,91% na semana anterior. Na quinta-feira, 17 de Julho, o índice atingiu 98,951, o valor mais alto desde 23 de Junho.

Os investidores reagiram à recuperação das vendas a retalho em Junho e à queda dos pedidos de subsídio de desemprego para o nível mais baixo em três meses, sinais de resiliência do consumo interno e do mercado de trabalho norte-americano. Estes dados reforçaram a percepção de que a Fed poderá manter as taxas elevadas por mais tempo.

Pressões Políticas e Instabilidade Fiscal
Apesar da valorização, a confiança no dólar permanece vulnerável, com analistas a alertarem para o impacto das políticas económicas e retóricas de Donald Trump. O mercado foi sacudido por uma notícia da Bloomberg que sugeria que o Presidente estaria a ponderar demitir o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell — informação posteriormente desmentida.

“O dólar americano continua vulnerável à queda se as preocupações com as políticas dos EUA minarem ainda mais a confiança dos investidores nos activos em dólares”, alertaram analistas do Commonwealth Bank of Australia.

Trump tem defendido taxas de juro em torno de 1% ou menos, contra a faixa actual de 4,25% a 4,5%, e tem criticado reiteradamente a actuação da Fed. Além disso, o grande pacote de cortes fiscais e gastos públicos promovido pela Casa Branca alimenta receios fiscais de médio prazo.

Tensão Comercial com o Japão e Instabilidade no Iene
Enquanto isso, o iene japonês manteve-se pressionado, com o dólar a subir 0,94% face à moeda japonesa na semana, atingindo os 148,78 ienes, próximo da alta de 3 meses e meio. A instabilidade política no Japão, motivada pelas eleições para a Câmara Alta, levanta dúvidas sobre a capacidade da coligação governista em manter a maioria.

A incerteza agrava-se com a aproximação do prazo de 1 de Agosto, data em que os EUA poderão aplicar uma tarifa de 25% sobre automóveis japoneses, caso não haja acordo comercial. O Japão tenta evitar a imposição da tarifa, enquanto as negociações bilaterais continuam com tensão crescente.

Mercado Cambial e Criptoactivos
No mercado cambial europeu, o euro caiu 0,65% na semana, apesar de uma leve recuperação para 1,1617 USD, após ter atingido o mínimo de três semanas (1,1556 USD). Já a libra esterlina manteve-se estável em 1,3418 USD, com uma perda acumulada de 0,53% na semana.

No segmento de criptoactivos, o Bitcoin oscilou acima de 120.000 USD, após atingir um recorde histórico de 123.153,22 USD, impulsionado pela aprovação de uma nova lei no Congresso dos EUA que cria um quadro legal para stablecoins atreladas ao dólar.

Embora os fundamentos económicos dos EUA confiram algum suporte ao dólar, as pressões políticas internas, a incerteza fiscal e o ambiente internacional instável mantêm o mercado volátil. A trajectória futura da moeda dependerá tanto da evolução macroeconómica quanto do comportamento errático da administração Trump e das tensões comerciais em curso.

Fonte: O Económico

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