Resumo
O dólar norte-americano manteve-se estável após a reunião da Reserva Federal, com investidores atentos à decisão do Banco do Japão. O índice do dólar recuperou 0,1%, impulsionado pela expectativa de novo corte de 25 pontos base em Outubro. O dólar subiu face ao iene, apoiado por dados de inflação no Japão. A incerteza política no Japão influencia a reunião do BoJ. Nos EUA, as tarifas sobre importações e críticas de Trump à Fed geram tensões. A procura estrangeira por títulos do Tesouro dos EUA continua forte. No mercado cambial, o euro e a libra desvalorizaram, enquanto o dólar neozelandês e australiano também recuaram.
O dólar norte-americano manteve-se estável esta sexta-feira nas primeiras horas da sessão asiática, após a reunião da Reserva Federal, enquanto os investidores procuram novos catalisadores, com especial foco na decisão de política monetária do Banco do Japão (BoJ).
Depois de ter sofrido pressões e alcançado o nível mais baixo em três anos e meio, o índice do dólar recuperou 0,1%, sustentado pela expectativa de que a Fed avance com novo corte de 25 pontos base em Outubro, cenário actualmente cotado em 91,9% de probabilidade segundo o FedWatch da CME Group. A decisão mais recente do banco central norte-americano, de reduzir as taxas em 25 pontos base, foi acompanhada de uma orientação prudente, sinalizando que não há pressa em acelerar os estímulos.
Face ao iene, o dólar subiu 0,1%, para 148,085 ienes, apoiado por dados que revelaram a mais lenta subida dos preços no consumidor em nove meses no Japão. Este resultado será um dos elementos em consideração na reunião do Banco do Japão, que os analistas antecipam como de manutenção da taxa de referência em 0,5%.
Ray Attrill, chefe de estratégia cambial do National Australia Bank, sublinhou que “o interesse está em perceber se haverá algum sinal de movimento já em Outubro, mas com a incerteza política no Japão é difícil esperar mais do que declarações protocolares”. Com efeito, a eleição da liderança do Partido Liberal Democrático (LDP), que definirá o sucessor de Shigeru Ishiba, limita a margem de actuação do governador do BoJ, Kazuo Ueda.
Do lado político, a veterana legisladora Sanae Takaichi, vista como favorita à sucessão e potencial primeira-ministra, deverá apresentar as suas propostas económicas ainda hoje. O seu perfil fiscalmente expansionista poderá moldar o enquadramento das futuras decisões de política monetária.
Nos Estados Unidos, a trajectória do dólar continua também dependente de factores políticos internos. A administração Trump insiste em manter tarifas sobre importações, medidas que estão a ser contestadas no Supremo Tribunal norte-americano, com audições marcadas para 5 de Novembro. A decisão representará um teste crucial à legalidade de uma das mais ousadas apostas da política económica republicana. Em paralelo, o presidente Trump intensificou as críticas à Reserva Federal, acusando-a de lentidão nos cortes de juros e chegando a solicitar ao Supremo autorização para demitir a governadora Lisa Cook – um passo sem precedentes desde a fundação do banco central em 1913.
Apesar das tensões políticas, a procura estrangeira por títulos do Tesouro dos EUA permanece robusta, atingindo novos máximos em Julho, sustentada sobretudo por investidores do Japão e do Reino Unido. Este fluxo contribui para ancorar o dólar, mesmo num ambiente de volatilidade cambial.
Nos mercados paralelos, o euro recuou 0,1%, para 1,1777 dólares, após manifestações de protesto contra medidas de austeridade em França. A libra esterlina desvalorizou para 1,3555 dólares, após o Banco de Inglaterra manter as taxas de juro inalteradas e reduzir o ritmo de venda de obrigações. O dólar neozelandês caiu para 0,5875 dólares, reflectindo os fracos dados do PIB do segundo trimestre, enquanto o dólar australiano recuou 0,2% para 0,6601 dólares.
Fonte: O Económico