O dólar dos Estados Unidos fortaleceu-se na sexta-feira face às principais moedas concorrentes, impulsionado pela decisão da Reserva Federal de manter as taxas de juro inalteradas e pela ausência de sinais de pressa em iniciar cortes no curto prazo. A moeda registou o seu melhor desempenho diário em três semanas, num momento em que aumentam as incertezas económicas geradas pelas políticas comerciais erráticas do ex-Presidente Donald Trump.
O índice do dólar, que mede a performance da moeda norte-americana face a uma cesta de seis divisas, valorizou 0,21% para 104,01 pontos às 04h36 GMT de sexta-feira, após ter avançado 0,36% no dia anterior. Ainda assim, o índice encontra-se abaixo do pico de 110,17 alcançado em Janeiro, reflectindo a tensão acumulada nos mercados face à escalada tarifária e ao receio de uma eventual recessão nos EUA.
O Presidente da Fed, Jerome Powell, reiterou a abordagem cautelosa do banco central norte-americano: “Não temos pressa em actuar”, afirmou, sublinhando as dificuldades de navegação num cenário marcado por tarifas comerciais imprevisíveis e possíveis impactos na economia doméstica. Apesar de manterem as taxas estáveis, os decisores da Fed projectam dois cortes de um quarto de ponto percentual ainda este ano.
A incerteza em torno da política comercial de Trump agravou-se com a expectativa de uma nova ronda de tarifas recíprocas a entrar em vigor no próximo dia 2 de Abril, o que levou os mercados a reavaliar as suas posições cambiais.
Segundo Chris Weston, chefe de pesquisa na Pepperstone, “há sinais de uma possível inversão no comportamento do dólar, com os preços a testarem os níveis superiores da fase de consolidação recente”. Weston acrescenta que, com a aproximação do anúncio tarifário de Abril, os investidores tendem a reduzir posições curtas no dólar, adoptando posturas mais neutras.
As moedas sensíveis ao risco, como o dólar australiano e o neozelandês, continuam a perder terreno. O dólar neozelandês desvalorizou 0,13% para 0,5750 USD, mesmo após dados positivos revelarem uma saída técnica da recessão. Já o dólar australiano caiu 0,21% para 0,6290 USD, acumulando uma perda de 1,07% em dois dias.
Na Ásia, o iene japonês recuou 0,42% para 149,40 por dólar, depois do Banco do Japão ter mantido as taxas de juro e alertado para uma crescente incerteza económica provocada pelas medidas proteccionistas dos EUA. Analistas apontam para uma tendência de desvalorização do iene a curto prazo, dado o posicionamento prudente do banco central nipónico.
O euro, principal componente do índice do dólar, recuou 0,18% para 1,0831 USD, enquanto a libra esterlina perdeu 0,19% para se fixar em 1,2943 USD.
A trajectória do dólar, no actual contexto de tensão geopolítica e volatilidade económica, continua a ser moldada tanto pelas decisões da Fed como pelas dinâmicas da política externa norte-americana, com os investidores atentos aos próximos desenvolvimentos em Washington.
Resumo 14 – 20 de Março de 2025
📈 Índice do Dólar (DXY):
O índice iniciou a semana nos 103,10 e fechou em 104,01, evidenciando um fortalecimento progressivo. O ponto mais baixo foi registado a 17 de Março (103,19), seguido de uma recuperação consistente. O movimento confirma o impacto da postura cautelosa da Reserva Federal, que influenciou positivamente a percepção dos investidores.
💶 Euro (EUR/US$):
Em tendência descendente, o euro caiu de 1,0900 para 1,0800, reflectindo a perda de força face ao dólar. A hesitação do mercado em testar a barreira dos 1,1000 reforça o sentimento de aversão ao risco e a resiliência do dólar como activo de refúgio.
💴 Yen (US$/JPY):
O dólar valorizou-se face ao iene, passando de 148,50 para 149,55, com variações suaves mas contínuas. Esta tendência está alinhada com a posição prudente do Banco do Japão, que se absteve de aumentar taxas de juro num contexto de incerteza externa.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>💷 Libra (GBP/US$):
Também em leve queda, a libra recuou de 1,2990 para 1,2935, mantendo-se, no entanto, relativamente estável. A performance reflete tanto a força do dólar como uma moderação nas expectativas económicas no Reino Unido.
Fonte: O Económico
