Dólar Mantém-se Próximo do Mínimo de Seis Semanas à Medida Que a Guerra Comercial Abala Confiança na Economia dos EUA

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O dólar norte-americano voltou a enfraquecer esta semana, aproximando-se dos níveis mais baixos em seis semanas, sob o peso de indicadores económicos negativos, tensões comerciais persistentes e preocupações fiscais internas. A crescente aversão ao risco tem favorecido moedas alternativas, com destaque para o dólar australiano e o dólar neozelandês.

A guerra comercial promovida pela administração de Donald Trump continua a gerar instabilidade nos mercados cambiais. Apesar de uma recuperação parcial nos mercados accionistas globais, o índice do dólar (DXY) recuou 0,8% na segunda-feira, tocando os 98,58 pontos, um valor não observado desde Abril — quando o índice chegou a atingir mínimos de três anos.

O enfraquecimento da moeda norte-americana reflecte a deterioração progressiva de dados macroeconómicos, em particular o sector da manufatura, que contraiu pelo terceiro mês consecutivo em Maio, segundo dados divulgados esta semana. O atraso nas cadeias de fornecimento, associado aos entraves tarifários, agrava o sentimento negativo.

“Esta dinâmica mostra que as tensões comerciais não estão a melhorar e o dólar está a ser penalizado de forma generalizada”, sublinha Rodrigo Catril, estratega cambial sénior do National Australia Bank.

As moedas da Oceânia (AUD e NZD) destacam-se entre as que mais beneficiaram deste reposicionamento. O dólar australiano manteve-se estável em torno dos 0,6495 USD, enquanto o kiwi neozelandês subiu para 0,6045 USD, o valor mais alto do ano.

Também o euro ganhou terreno, chegando a 1,1454 USD, o seu pico em seis semanas. Contudo, os analistas aguardam com expectativa a decisão sobre as taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), prevista para o final da semana, que poderá ditar nova volatilidade no par EUR/USD.

O cenário fiscal dos EUA também contribui para a crescente desconfiança dos investidores. O Senado iniciou esta semana os debates sobre o novo pacote de cortes fiscais e de despesa, estimado em 3,8 biliões de dólares ao longo de 10 anos, o que elevará o endividamento público norte-americano para mais de 40 biliões de dólares até 2035.

Esta dinâmica tem alimentado a narrativa de “sell America”, levando investidores a desfazerem-se de activos denominados em dólares, desde acções a obrigações do Tesouro, reforçando a pressão sobre o câmbio da moeda americana.

A volatilidade deverá continuar nos próximos dias, com novos dados sobre encomendas industriais e criação de emprego nos EUA esperados até ao final da semana. A depender dos resultados, poderão reforçar ou atenuar a tendência de venda de dólares que tem marcado os mercados desde meados de Maio.

A trajectória recente do dólar norte-americano é sintomática de um contexto de múltiplas vulnerabilidades, entre as quais se destacam as disrupções comerciais, os desequilíbrios fiscais e a desaceleração da actividade industrial. Em contrapartida, moedas como o euro, o aussie e o kiwi surgem como refúgios de oportunidade num momento de transição e de crescente prudência nos mercados globais.

Fonte: O Económico

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