Dólar Oscila Perante Semana Decisiva de Geopolítica e Expectativas da Fed

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O dólar abriu a semana de forma cautelosa, sustentado por expectativas de política monetária menos agressiva por parte da Reserva Federal e pela atenção renovada aos desdobramentos geopolíticos na guerra da Ucrânia. Os investidores posicionam-se para uma semana marcada pelo encontro entre o Presidente norte-americano Donald Trump e o seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelenskiy, bem como pelo aguardado simpósio de Jackson Hole, onde o presidente da Fed, Jerome Powell, deverá dar pistas sobre o rumo da política monetária.

Na manhã asiática de segunda-feira, os movimentos cambiais foram contidos, mas o dólar conseguiu recuperar ligeiramente após as perdas da semana anterior. O índice que mede o desempenho da moeda face a um cabaz de divisas avançou para 97,85 pontos, revertendo parte da queda de 0,4% registada na semana passada.

Os mercados financeiros reavaliaram as suas expectativas quanto à dimensão do próximo corte de taxas da Fed. Se na semana anterior as apostas num corte de 50 pontos base em Setembro rondavam os 98%, agora diminuíram para 16%, com a maioria dos investidores a apontar para uma redução de apenas 25 pontos base. Os dados mais recentes, incluindo o aumento dos preços grossistas e as robustas vendas a retalho em Julho, sustentam a visão de que a economia norte-americana mantém um desempenho sólido.

Bill Adams, economista-chefe do Comerica Bank, observou que “a economia dos EUA parece estar em razoável forma no terceiro trimestre” e que a Fed deverá proceder a um corte das taxas até ao final do ano, possivelmente já em Setembro.

Geopolítica em Foco

O centro das atenções imediatas recai sobre a reunião de segunda-feira entre Trump e Zelenskiy em Washington. O encontro, que contará ainda com a presença de líderes europeus, procura encontrar uma solução rápida para a guerra na Ucrânia. Após a reunião com Vladimir Putin no Alasca, Trump mostrou-se mais alinhado com Moscovo, defendendo um acordo de paz imediato em vez de um cessar-fogo preliminar.

Esse contexto acrescenta tensão aos mercados, uma vez que um eventual acordo poderá alterar radicalmente as perspectivas para a segurança energética e a estabilidade geopolítica europeia, factores com impacto directo no comportamento dos investidores.

Perspectivas

O ponto alto da semana será o simpósio de Jackson Hole (21–23 de Agosto), tradicionalmente usado pela Fed para comunicar a sua visão estratégica. Joseph Capurso, do Commonwealth Bank of Australia, adverte que, dada a elevada expectativa de cortes, Powell poderá ser interpretado como “hawkish” se apresentar um diagnóstico equilibrado da economia, aumentando o risco de valorização do dólar.

No mercado cambial, a moeda norte-americana subiu 0,11% face ao iene, atingindo 147,34, após uma descida de 0,4% na semana anterior. O Governo japonês rejeitou recentemente críticas do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que acusou o Banco do Japão de estar “atrasado” na normalização da política monetária.

A semana que agora começa representa um duplo teste para o dólar: a solidez da economia americana e a reconfiguração geopolítica no leste da Europa. Uma mensagem mais dura de Powell poderá travar expectativas de cortes agressivos e sustentar a moeda, enquanto qualquer avanço inesperado nas negociações entre Kiev, Moscovo e Washington poderá redesenhar o mapa de riscos para os mercados globais.

Fonte: O Económico

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