Resumo
O dólar recuperou ligeiramente na Ásia devido à fraqueza da libra e do iene, e a dados comerciais decepcionantes da China. A incerteza sobre a política monetária dos EUA e a falta de dados oficiais devido ao shutdown geram volatilidade nos mercados. O índice do dólar subiu em Singapura devido a dados fracos da China, afetando as divisas asiáticas. Investidores reagem a dados privados de emprego nos EUA, aumentando as apostas num corte de juros pela Fed. O iene caiu devido a dados de consumo abaixo do esperado, a libra recuou após o Banco de Inglaterra manter as taxas e o euro também perdeu valor. Aumenta a probabilidade de corte de juros nos EUA em dezembro.
O dólar recuperou ligeiramente esta sexta-feira na Ásia, impulsionado pela fraqueza da libra e do iene, e pela divulgação de dados comerciais decepcionantes da China. A incerteza quanto à trajectória da política monetária norte-americana e à ausência de dados oficiais durante o shutdown do Governo dos EUA continuam a gerar volatilidade nos mercados.
O dólar recuperou esta sexta-feira em mercados asiáticos, após a divulgação de dados comerciais decepcionantes da China e em meio à crescente expectativa de um novo corte das taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA em Dezembro. A incerteza causada pelo shutdown do Governo norte-americano, que suspendeu a divulgação dos dados oficiais de emprego e inflação, deixou os investidores a navegar com base em indicadores privados e sentimento de risco.
Em Singapura, o índice do dólar (DXY) — que mede o desempenho da divisa norte-americana face a uma cesta de seis moedas principais — valorizou 0,1%, para 99,796 pontos, consolidando uma ligeira recuperação após perdas recentes.
O movimento foi influenciado pela publicação de dados comerciais da China abaixo das expectativas, que indicaram queda nas exportações e importações em Outubro, expondo o abrandamento do comércio regional e afectando o sentimento sobre as divisas asiáticas.
“Os mercados estão praticamente a voar às cegas, porque dependem apenas de dados privados”, comentou Christopher Wong, estratega cambial do OCBC Bank em Singapura. “Não há uma tendência dominante no dólar, e por isso as moedas asiáticas estão a seguir o sentimento global.”
Com a ausência do tradicional relatório oficial de emprego dos EUA (Non-Farm Payrolls) — adiado devido ao shutdown — os investidores reagiram aos dados privados, que apontam perdas de emprego nos sectores público e do retalho em Outubro, influenciadas por cortes de custos e adopção crescente de inteligência artificial.
A falta de dados fiáveis reforçou as apostas em nova redução das taxas de juro pela Fed, apesar das cautelas expressas por alguns responsáveis. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, advertiu que a ausência de informação oficial “acentua a necessidade de prudência” e sugeriu que o banco central deve “abrandar enquanto o cenário se mantém nebuloso”.
De acordo com o CME Group FedWatch, o mercado atribui agora 70% de probabilidade de um corte nas taxas em Dezembro, face aos 62% registados na véspera.
Desempenho por Moeda
O iene japonês caiu 0,2%, para 153,27 por dólar, depois de os dados sobre o consumo das famílias em Setembro terem ficado aquém do esperado — com um crescimento anual de 1,8%, inferior à previsão de 2,5%.
A libra esterlina também recuou 0,2%, para 1,3119 USD, após o Banco de Inglaterra manter inalteradas as taxas de juro numa votação dividida (5–4). O anúncio de que o Governo britânico planeia um aumento de impostos sobre o rendimento contribuiu para a pressão sobre a moeda.
Já o euro perdeu 0,1%, para 1,1535 USD, afastando-se do máximo semanal atingido na quinta-feira. As divisas das commodities, como o dólar australiano (0,6478 USD) e o dólar neozelandês (0,5620 USD), permaneceram sob pressão, reflectindo o pessimismo sobre a economia chinesa e o comércio regional.
Contexto Global e Implicações Regionais
O mercado cambial internacional mantém-se altamente sensível às flutuações macroeconómicas e à incerteza política nos EUA. A combinação de dados chineses fracos, shutdown prolongado e expectativas de corte de juros cria um ambiente de volatilidade controlada, em que o dólar tende a ser beneficiado como porto seguro temporário.
Nos mercados emergentes, a valorização do dólar continua a pressionar moedas locais, incluindo o rand sul-africano e o metical moçambicano, que enfrentam o duplo desafio de conter a inflação importada e preservar reservas cambiais.
Para Moçambique, o fortalecimento do dólar pode encarecer o serviço da dívida externa e afectar os custos de importação, sobretudo de combustíveis e bens essenciais, embora também beneficie o sector exportador, em particular o alumínio e o gás natural liquefeito, denominados em dólares.
Perspectiva de Curto Prazo
Com o encerramento parcial do Governo dos EUA a limitar a visibilidade económica, os mercados cambiais deverão manter um padrão de consolidação até à divulgação dos próximos dados oficiais de inflação e de actividade económica.
“Estamos num momento de incerteza total”, observou Wong, do OCBC. “Os operadores estão a reagir mais a sentimento do que a dados — e, por enquanto, o sentimento favorece o dólar.”
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A trajectória cambial nas próximas semanas dependerá da evolução do shutdown norte-americano, da resposta da China ao abrandamento comercial e das expectativas quanto ao próximo movimento da Fed. Até lá, os investidores continuam a navegar num mercado que permanece, como descreveu um analista, “em modo de piloto automático”.
Fonte: O Económico





