Questões-Chave:
Dólar valorizou após notícias de que Christopher Waller surge como favorito para liderar a Reserva Federal;
Waller é visto como figura respeitada nos mercados e com inclinação para política monetária expansionista;
Nomeação pode consolidar expectativas de cortes nas taxas de juro ainda em 2025;
Libra esterlina sobe com surpresa na votação do Banco de Inglaterra; euro recua;
Mercado laboral norte-americano mostra sinais de abrandamento, reforçando apostas em flexibilização monetária.
O dólar norte-americano registou ganhos significativos esta quinta-feira, impulsionado por relatos de que Christopher Waller, actual governador da Reserva Federal, está entre os favoritos da equipa do ex-Presidente Donald Trump para liderar o banco central, num contexto em que os mercados antecipam maior acomodação monetária.
A informação foi avançada pela Bloomberg News, que noticiou que Waller tem mantido contactos com membros da equipa de Trump, embora ainda não tenha reunido com o próprio ex-presidente. Esta movimentação surge num momento em que se intensificam os preparativos para a substituição de Jerome Powell, cujo mandato à frente da Fed termina em Maio.
Com a especulação em torno da liderança da Fed, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana face a uma cesta de divisas — subiu 0,18% para 98,36 pontos. Face ao iene japonês, o dólar valorizou 0,1% para 147,49.
Segundo Karl Schamotta, estratega-chefe de mercados da Corpay, em Toronto, Waller é considerado “uma figura com viés de afrouxamento, mas com suficiente credibilidade para manter os rendimentos de longo prazo ancorados e sustentar os fluxos para o dólar”.
Mercado laboral e expectativas de corte nas taxas
Os mercados reforçaram as apostas num corte de taxas da Fed já em Setembro, após os dados de emprego de Julho ficarem aquém das expectativas e revelarem revisões em baixa dos meses anteriores. Novos pedidos de subsídio de desemprego aumentaram ligeiramente, indicando uma estabilidade frágil no mercado laboral.
Apesar dos riscos crescentes, o Presidente da Fed de Atlanta, Raphael Bostic, advertiu que “ainda é cedo para um compromisso com cortes de taxas”, sublinhando que dados adicionais são necessários antes de qualquer decisão.
Moedas internacionais e clima geopolítico
A libra esterlina beneficiou de uma votação surpreendente no Banco de Inglaterra (BoE), onde quatro dos nove membros votaram a favor da manutenção das taxas, apesar de uma redução de 25 pontos base ter sido aprovada. O movimento foi interpretado como “mais hawkish do que o mercado esperava”, segundo Sarah Ying, da CIBC Capital Markets.
Já o euro caiu 0,27% para $1,1627, após ter atingido anteriormente um máximo semanal de $1,1698. A valorização inicial foi motivada pelas expectativas em torno de conversações entre Donald Trump e Vladimir Putin, visando avanços no cessar-fogo da guerra na Ucrânia.
Analistas preveem que o euro continue a beneficiar de uma política monetária relativamente mais conservadora por parte do Banco Central Europeu (BCE), que deverá manter as taxas em níveis elevados até, pelo menos, 2026.
Impactos geopolíticos e comerciais
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p dir=”ltr”>Nos bastidores, continuam as tensões comerciais entre os EUA e países como a Suíça. A presidente suíça Karin Keller-Sutter regressou de Washington sem acordo quanto às tarifas de 39% sobre as exportações helvéticas. As negociações irão prosseguir.
Em paralelo, o mercado de criptomoedas também reagiu positivamente ao clima de menor incerteza monetária, com o bitcoin a valorizar 1,06%, para $116.348.
Fonte: O Económico