A economia do sector privado moçambicano registou sinais de recuperação em Fevereiro, com o Índice dos Gestores de Compras (PMI) do Standard Bank Moçambique a subir para 50,9, acima dos 47,5 registados em Janeiro, indicando um retorno ao crescimento pela primeira vez desde Outubro de 2024.
O relatório destaca que a retoma da actividade económica deve-se, em grande parte, ao alívio das tensões políticas pós-eleitorais, permitindo um ligeiro aumento da produção e das novas encomendas. No entanto, a persistência de desafios nas cadeias de abastecimento, a inflação dos custos de produção e a hesitação de alguns clientes ainda limitam uma recuperação mais expressiva.
Produção e procura em recuperação
Os dados do inquérito indicam que as empresas moçambicanas aumentaram a produção pela primeira vez em quatro meses, reflectindo um aumento na confiança dos clientes e na retoma das encomendas. Contudo, o crescimento das vendas foi apenas ligeiro, com algumas empresas ainda a reportarem incertezas no comportamento dos consumidores.
“O PMI do Standard Bank Moçambique subiu para 50,9, saindo do território negativo pela primeira vez desde Outubro, o que indica um crescimento mensal consecutivo na economia do setor privado”, afirmou Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank Moçambique.
Apesar deste avanço, o relatório alerta que a recuperação da atividade empresarial permanece frágil, sendo necessário um reforço da estabilidade económica e medidas para dinamizar o consumo interno e o investimento empresarial.
Escassez de materiais e aumento dos custos de produção
A melhoria da procura levou a um aumento das aquisições de meios de produção ao ritmo mais rápido dos últimos seis meses, elevando os inventários e o volume de trabalho. No entanto, esta maior atividade de compra gerou pressões inflacionárias e manteve os prazos de entrega dos fornecedores elevados, devido a perturbações nas cadeias de abastecimento que ainda não foram completamente resolvidas.
Os custos médios dos meios de produção aumentaram de forma acentuada, com a taxa de inflação a atingir o nível mais alto dos últimos dois anos e meio. Segundo o relatório, os preços de aquisição subiram devido à escassez de alguns produtos e ao aumento da procura, enquanto os custos com pessoal também registaram uma ligeira subida.
Este cenário levou muitas empresas a ajustar os preços de venda para compensar os custos adicionais, gerando um novo aumento dos encargos de produção pela primeira vez em três meses.
Expectativas para o futuro: crescimento com incertezas
As perspectivas para os próximos 12 meses permanecem positivas, mas o grau de otimismo empresarial diminuiu em Fevereiro, atingindo um dos níveis mais baixos dos últimos quatro anos. Apenas 36% das empresas inquiridas esperam um aumento da produção nos próximos meses, contrastando com os níveis de confiança mais elevados observados anteriormente.
“A recuperação continua a enfrentar desafios, incluindo pressões inflacionárias, incertezas fiscais e desequilíbrios cambiais. Mantemos a previsão de crescimento do PIB em 3% para 2025, um valor superior aos 1,8% registados em 2024, mas ainda próximo do crescimento populacional”, acrescentou Mussá.
Além disso, o relatório aponta que as medidas do Governo para reduzir o custo de vida, como a isenção do IVA sobre produtos básicos, poderão trazer alívio a curto prazo, mas os riscos associados à inflação, às mudanças climáticas e ao acesso a divisas ainda representam desafios significativos para a economia moçambicana.
O aumento do PMI para 50,9 em Fevereiro sinaliza um regresso ao crescimento do sector privado moçambicano, impulsionado pela redução da instabilidade política e pela retoma da procura. No entanto, a persistência de dificuldades nas cadeias de abastecimento, o aumento dos custos de produção e a hesitação dos clientes indicam que a recuperação ainda é modesta e vulnerável a novos choques económicos.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Para que esta tendência positiva se consolide, será fundamental estabilizar o ambiente económico, reforçar o poder de compra dos consumidores e garantir condições mais favoráveis para o investimento empresarial.
Fonte: O Económico