O Edil do Município de Pemba, Satar Abdulgani, alertou a Polícia da República de Moçambique sobre o aumento de casos de pedido de declaração para efeitos de legalização de porte e uso de armas de fogo. Ainda assim, o presidente do Município da capital de Cabo Delgado não apresentou o número de pessoas que solicitaram o documento junto às autoridades locais.
Quase uma semana depois de ter alertado sobre o aumento do número de pessoas interessadas em ter arma de fogo para efeitos de segurança em Pemba, a nossa equipa de reportagem foi ao município para saber porque razão o edil da cidade está preocupado com uma situação que é legalmente considerada normal.
Em resposta, Satar Abdulgani disse que apesar de não ter dados comparativos do antes e depois, o que mais o preocupa são os pedidos que acontecem neste momento, desde que assumiram o comando da edilidade, numa altura em que a província está assolada pelo terrorismo.
“Não vou lhe trazer dados concretos, porque alguns deles fazem pedidos nos bairros, a declaração dos bairros, e eles nos reportam que tem esse tipo de situação. Nós já deixamos uma comunicação nos bairros que quando aparecer um pedido para este fim tem que passar directamente para o presidente do Conselho Municipal, que é para podermos monitorar e rastrear esses pedidos”, disse Satar Abdulgani.
Ademais, de acordo com o edil, não é o número de pessoas que fazem os pedidos, mas o mal que podem causar depois da legalização do porte de armas de fogo. “O facto de ter 5, 6 pessoas a fazerem pedido de armas em menos de um ano é preocupante. 5, 6 pessoas é suficiente para plantar um terror, por exemplo, se essa arma for usada indevidamente. Então, não vamos dizer que estaremos preocupados com o facto de termos 100, 200 pessoas, não. O facto de ter 5, 3 pessoas é preocupante e razão pela qual nós manifestamos a quem é de direito nesse caso que é o Comando Provincial”, explicou.
O edil de Pemba reconhece a existência de focos de criminalidade na cidade, mas considera estranha as tentativas de obtenção legal de armas de fogo para efeitos de defesa pessoal
“A cidade de Pemba é uma cidade segura, razão pela qual estamos aqui todos a viver, não saímos, não fugimos, não nos movimentamos, queremos desenvolver a nossa cidade e mostrarmos a qualquer parceiro que seja, para a população, que é uma cidade segura. Os pequenos incidentes que têm acontecido são incidentes normais que têm acontecido mesmo em grandes cidades onde não existe um conflito como este que existe na província de Cabo Delgado, mas é uma cidade segura e não há necessidade que eu tenha arma de fogo. Eu não tenho arma de fogo aqui onde eu estou, eu estou limpo”, frisou Abdulgani.
Tendo a notícia sobre o suposto aumento de pedidos de declarações no município para efeitos de obtenção de armas de fogo para uso pessoal, o edil de Pemba garante segurança na cidade e pede calma à população.
“Não é para a população ficar preocupada e entrar em pânico, só a recomendação que nós deixamos por conta da segurança dos próprios munícipes junto das suas famílias é que quem tem que fazer um pedido de porte de arma tem que ser mesmo na estrutura competente que é a própria PRM. E nós não queremos aconselhar aos jovens para terem de qualquer maneira as armas de fogo porque em algum momento, momento de ira, de qualquer descuido, podemos usar mal esta arma para nossas próprias famílias e nós nos arrependermos nisso”, alerta, apelando ainda que “temos que ser vigilantes face a essas situações todas”.
A equipa de reportagem do O País procurou ouvir a Polícia da República de Moçambique, entidade responsável pela legalização de armas de fogo na posse dos civis, para reagir à preocupação do edil de Pemba, mas não obteve resposta.
Fonte: O País