Resumo
A empresa Electricidade de Moçambique (EDM) garante que a região de Macharre, em Inhambane, terá eletricidade nas casas ainda este ano, como parte do programa "Energia para Todos". O diretor provincial da EDM confirmou que o processo de eletrificação está em curso, com levantamento topográfico e mapeamento do terreno já concluídos. Estão previstas 2.300 novas ligações domésticas em Inhambane, sendo que 1.600 já foram realizadas. A EDM apela à paciência das comunidades, explicando que a eletrificação segue um planeamento rigoroso, com fases de levantamento, aprovação, mobilização de material, instalação e ligação. A empresa mantém diálogo constante com os moradores e destaca o papel das comissões comunitárias na intermediação entre a população e a empresa.
Depois de dias de tensão e protestos populares, a direcção operacional da EDM veio a público assegurar que Macharre não foi esquecido. O director provincial da empresa, Tioclicio Huo, confirmou que o processo está em curso e que a mobilização dos materiais necessários já começou.
Segundo explicou, o bairro faz parte do segundo lote do projeto nacional de electrificação, tendo já sido concluído o levantamento topográfico e o mapeamento do terreno, com a definição das zonas onde serão instalados postes e transformadores.
“Estamos conscientes da preocupação da população. A falta de energia é uma realidade em muitos pontos da província e as reclamações são legítimas. A energia eléctrica não é um luxo, é um direito de todos os moçambicanos”, começou por dizer Tioclicio Huo, que também abordou o recente impasse entre moradores e técnicos da empresa Águas da Região Sul, que executavam um projecto de furos de água interrompido por protestos.
O responsável sublinhou que a empresa acompanha de perto as inquietações das comunidades e que a electrificação de Macharre está enquadrada num processo nacional que obedece a fases técnicas e financeiras bem definidas.
“Já realizamos os estudos preliminares, o mapeamento e o desenho das rotas de linha. Agora estamos na fase de mobilização dos materiais. O esforço é grande e esperamos que, ainda este ano, haja avanços significativos naquele bairro e em outras zonas que aguardam pela expansão da rede eléctrica”, assegurou.
De acordo com os dados da direcção provincial da EDM, estão previstas 2.300 novas ligações domésticas apenas na cidade de Inhambane durante o presente ano. Destas, 1.600 já foram concretizadas, restando cerca de 700 novas conexões que deverão ser efectuadas até Dezembro.
Parte dessas ligações, garantiu Tioclicio Huo, serão destinadas precisamente a Macharre e a outros bairros periféricos, que não têm acesso há anos à rede eléctrica nacional.
Para o director, o desafio maior não é apenas técnico, mas também de gestão de expectativas.
“É preciso compreender que a electrificação não acontece de um dia para o outro. Há um planeamento rigoroso a seguir. Cada bairro passa por um processo: levantamento, aprovação, mobilização de material, instalação e ligação. Pedimos paciência às nossas comunidades. O projecto é real e está em curso”, apelou.
O assegurou que a EDM tem mantido um diálogo constante com os moradores de Macharre e de outras zonas que manifestaram descontentamento, destacando o papel das comissões comunitárias na intermediação entre a população e a empresa.
“Temos estado a trabalhar com representantes locais, que ajudam a partilhar informação sobre o andamento dos trabalhos. Infelizmente, há bairros que percebem e aguardam com serenidade, mas há outros que, pela urgência, acabam por se impacientar. O importante é que todos saibam que o programa está a ser implementado e que ninguém será deixado para trás”, explicou.
Huo reforçou ainda que, para a EDM, cada ligação representa mais do que um simples ponto de energia. É uma oportunidade de crescimento económico, inclusão social e dignidade para as famílias.
“Nós, como empresa, também dependemos dessas ligações. É isso que nos permite existir, crescer e continuar a expandir a rede. Por isso, estamos tão empenhados quanto as comunidades em levar energia a todos”, destacou.
O “Programa Energia para Todos”, lançado pelo Governo moçambicano em 2018, tem como meta garantir que 100% da população tenha acesso à energia eléctrica até 2030. O projecto é implementado em coordenação com parceiros internacionais e prioriza zonas rurais e suburbanas, onde a carência de infra-estrutura é acentuada.
Na província de Inhambane, estima-se que o programa vai beneficiar mais de 30 mil agregados familiares até 2026, com especial foco nos distritos de Inharrime, Panda, Funhalouro e Inhambane.
O bairro de Macharre, situado na periferia da cidade, foi um dos que mais pressionou por resultados imediatos, depois de anos de promessas não cumpridas. Na última semana, moradores chegaram a paralisar obras públicas em protesto, exigindo que a electrificação fosse tratada como prioridade. A resposta da EDM procura, portanto, acalmar os ânimos e restabelecer a confiança entre a empresa e a comunidade.
Para Tioclicio Huo, a mensagem é clara: “O governo e a EDM não esqueceram Macharre. Há um plano, há orçamento, há equipas no terreno, e a eletrificação vai acontecer. Só pedimos compreensão e paciência. As coisas estão a caminhar.”
Entretanto, fontes locais confirmam que uma delegação de residentes esteve reunida esta semana com técnicos da EDM e representantes do município de Inhambane, numa tentativa de encontrar soluções imediatas que evitem novos protestos e assegurem o avanço das obras.
Em paralelo, decorrem acções para melhorar a comunicação entre as partes e sensibilizar a população sobre as etapas do processo. “Queremos que as pessoas saibam o que está a acontecer e percebam que, embora lento, o processo é contínuo. A energia vai chegar, e quando chegar, trará consigo novas oportunidades”, acrescentou o director.
Fonte: O País






