Durante quatro dias, até 23 de outubro, ministros, especialistas e líderes globais irão debater como alinhar comércio, finanças, investimento e tecnologia com a meta de prosperidade partilhada.
Mudanças tarifárias “drásticas”
Na sessão de abertura, a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, sublinhou que as premissas que nortearam o comércio global por décadas estão sendo questionadas e “os caminhos que pareciam permanentes estão sendo redesenhados”.
Se dirigindo a ministros do comércio, relações exteriores e finanças, ela afirmou que a “a previsibilidade se tornou a mercadoria mais escassa”, em um contexto de “mudanças tarifárias mais drásticas do que em qualquer outro momento da história recente”.
Por outro lado, a chefe da Unctad destacou que a geografia do crescimento econômico mudou, com mais de três quartos originado em países em desenvolvimento.
Além disso, ela destacou o crescimento da energia limpa e os avanços na adoção de inteligência artificial como “mudanças tectônicas”.

“O futuro ainda pode ser moldado”
Para Rebeca Gryspan, o encontro em Genebra recorda que o futuro ainda pode ser moldado, tornando a economia global mais dinâmica, sustentável, equitativa, inovadora e inclusiva. Para isso, ela afirmou que é preciso resistir a forças que podem puxar esse progresso para trás.
A líder da Unctad afirmou que se os países continuarem na defensiva, a dependência de commodities vai continuar, os encargos da dívida serão permanentes, a exclusão digital vai se aprofundar, a transição climática se tornará custosa demais e a revolução tecnológica não será incorporada pela maioria dos países.
Rebeca Grynspan destacou que o mundo vive um momento de profunda transição, em que “as velhas certezas estão ruindo e as novas realidades estão emergindo”.
Segundo a secretária-geral, esta é uma oportunidade histórica para repensar o comércio e o desenvolvimento global.
Ambientes favoráveis ao investimento
Ela alertou para vulnerabilidades crescentes nos países em desenvolvimento. Entre os principais desafios, mencionou a crise da dívida, o declínio dos fluxos de investimento e o aumento das desigualdades digitais, que ainda deixam 2,6 bilhões de pessoas offline, a maioria mulheres.
A conferência prevê debates ministeriais sobre investimento sustentável, economia digital, cadeias de abastecimento e financiamento do desenvolvimento, procurando transformar compromissos políticos em ações práticas.
O encontro produzirá um documento final que está sendo negociado em Genebra.
Alguns dos pontos em discussão incluem apoiar a graduação dos países menos desenvolvidos, uma cooperação Sul-Sul mais forte, a criação de ambientes favoráveis ao investimento e redução das desigualdades digitais.
A força do multilateralismo
Reconhecendo as dificuldades enfrentadas por países e negociadores, Grynspan elogiou o esforço coletivo dos Estados-membros.
Ela ressaltou que os países continuaram a negociar quando parecia inútil, defenderam um sistema baseado em regras mesmo quando ele era questionado, e “construíram pontes mesmo quando elas caíam”, afirmando que “o mundo pode não notar, mas a história notará”.
A chefe da Unctad disse que esses esforços coletivos “evitaram, por enquanto, o efeito dominó da escalada tarifária que um dia levou a economia mundial à ruína na década de 1930”.
Ela lembrou que, há 61 anos, a Unctad tem desempenhado um papel essencial na defesa do desenvolvimento equitativo e no fortalecimento do multilateralismo.
Fonte: ONU