Por: Gentil Abel
A bancada da Frelimo na Assembleia Municipal da Beira acusou, na quarta-feira (29), o presidente do Conselho Autárquico, Albano Carige, de má gestão e desconsideração pelo órgão, ao ter alegadamente retirado 10 milhões de meticais dos cofres municipais para financiar iniciativas juvenis sem a devida aprovação.
Na semana passada, o município da Beira, através do edil, entregou 10 milhões de meticais a 192 jovens e cinco associações juvenis para apoiar projetos de geração de rendas, no âmbito do programa denominado Empreender para Empregar.
Segundo Carige, o dinheiro provém do orçamento municipal e deve ser reembolsado sem juros, a fim de beneficiar outros jovens. O edil acrescentou ainda que a iniciativa passará a ser anual até ao fim do seu mandato, em 2028.
No entanto, a Frelimo considera que a decisão configura branqueamento de capitais e uma falta de respeito à Assembleia Municipal da Beira. De acordo com a bancada, a iniciativa e os valores em causa não foram submetidos para apreciação do órgão competente.
“Nós, como Assembleia Municipal, bancada da Frelimo, não sabemos de onde é que provém esse dinheiro. Recentemente aprovamos a revisão do Orçamento Municipal, mas não vinha nenhuma parte plasmada sobre apoio de iniciativas juvenis”, acusou o partido, durante uma conferência de imprensa.
A Frelimo garantiu ainda que irá submeter uma queixa ao Ministério das Finanças, ao Tribunal Administrativo e a entidades ligadas ao combate à corrupção, para que investiguem a origem do valor.
Apesar das críticas, a bancada deixou claro que não se opõe ao apoio à juventude. “Nós, como bancada da Frelimo, não estamos contra essas iniciativas, mas contra o procedimento de como estão a ser viabilizadas.”
Ainda assim, o partido manifestou desconfiança sobre a real finalidade dos fundos:
“O que está a acontecer é que nós podemos pensar que este dinheiro é para beneficiar os jovens, mas, pelo contrário, é uma lavagem de dinheiro para apoiar iniciativas obscuras no seio do nosso município e, não só, no seio do país em geral. Sabemos que existem problemas ligados ao terrorismo e ao branqueamento de capitais, e este tipo de iniciativa pode estar a mascarar-se de ato social, quando na verdade serve para financiar práticas obscuras.”
Confrontado com as acusações, Albano Carige mostrou-se surpreendido e respondeu, afirmando que a própria Frelimo poderá ter contribuído para a legitimidade do projecto.
“A Assembleia Municipal da Beira, reunida na sua segunda sessão ordinária em Junho do ano passado, aprovou por unanimidade o Plano Quinquenal Autárquico 2024-2028, onde consta o financiamento anual de 10 milhões de meticais para iniciativas juvenis.”
Carige rejeitou ainda qualquer ligação ao branqueamento de capitais ou financiamento ao terrorismo, defendendo que o programa “Empregar para Empreender” faz parte das metas oficialmente aprovadas pela Assembleia.
