Estímulo Chinês Impulsiona Lucros Industriais em Abril Apesar de Tarifas dos EUA

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Questões – Chave

A indústria chinesa registou um crescimento de 3% nos lucros em Abril, ultrapassando as expectativas num contexto de guerra comercial e pressão deflacionária. O desempenho revela a eficácia das medidas de estímulo económico adoptadas por Pequim para mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos e reforçar a resiliência do sector produtivo.

Num contexto marcado por novas tarifas impostas pela administração norte-americana — que chegaram a 145% em alguns produtos antes de serem parcialmente reduzidas —, a indústria chinesa demonstrou sinais de recuperação no mês de Abril. Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas da China, os lucros industriais subiram 3% em termos homólogos, reforçando a trajectória de crescimento iniciada em Março (2,6%).

No acumulado dos primeiros quatro meses de 2025, o crescimento situa-se em 1,4%, apoiado sobretudo pela performance dos sectores de equipamentos, alta tecnologia e bens duráveis, como electrodomésticos, cuja procura interna foi impulsionada por subsídios para substituição de equipamentos antigos.

Os analistas creditam este desempenho aos estímulos económicos adoptados por Pequim desde finais de 2024. Estes incluem injeções de liquidez, cortes nas taxas de juro e medidas específicas para garantir o pagamento atempado a pequenas e médias empresas, reduzindo atrasos e fortalecendo a confiança dos investidores privados.

Os grupos privados registaram um crescimento de lucros de 4,3%, e as empresas com capital estrangeiro avançaram 2,5%. Em contraste, as estatais sofreram uma queda de 4,4% nos lucros no mesmo período, reflectindo tanto o peso da dívida como a menor agilidade para se ajustarem ao ambiente económico volátil.

Na análise sectorial, os fabricantes de produtos biofarmacêuticos e aeronáuticos destacaram-se com fortes crescimentos, tal como o sector de energia e materiais para veículos eléctricos. Já os sectores automóvel e têxtil enfrentaram sérias dificuldades: os lucros das empresas automóveis caíram 5,1% e os do sector têxtil, vestuário e calçado afundaram 12,7%, afectados por forte concorrência de preços e desvio de procura para outros mercados.

Apesar do crescimento industrial, as vendas a retalho desaceleraram para 5,1%, o que evidencia um descompasso entre a produção e o consumo doméstico, alimentando receios quanto à sustentabilidade do actual ciclo de recuperação.

No plano internacional, os analistas continuam cautelosos. Embora uma trégua comercial tenha sido alcançada este mês entre Pequim e Washington — com a redução mútua de tarifas (EUA para 51,1% e China para 32,6%) —, permanece a incerteza quanto à durabilidade do acordo. Estima-se que, num cenário de retoma das sanções, até 16 milhões de empregos chineses poderiam estar em risco se as exportações para os EUA caírem 50%, segundo a Nomura.

Contudo, para já, o Governo chinês mostra-se determinado em manter o ímpeto industrial. Os lucros registados em Abril fornecem um sinal encorajador, segundo Lynn Song, economista-chefe do ING para a Grande China: “É positivo ver as indústrias manterem margens de crescimento num ambiente externo tão adverso.”

Fonte: O Económico

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