Estratégia Tarifária de Trump Enfrenta Limites: Análise Aponta Falta de Unidade Global e Risco de Retrocesso

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Académicos defendem que Canadá, México, União Europeia e China poderiam neutralizar tarifas norte-americanas se agissem em conjunto, mas ausência de vontade política deixa hegemonia dos EUA intacta.

A política tarifária do Presidente norte-americano Donald Trump enfrenta sérios limites, de acordo com uma análise recente publicada por Bala Ramasamy e Mathew Yeung, académicos ligados à China Europe International Business School e à Hong Kong Metropolitan University. Apesar das ameaças de tarifas entre 30% e 55% sobre Canadá, México, União Europeia (UE) e China, os autores defendem que uma frente unida destes parceiros poderia neutralizar a estratégia de Washington. Contudo, a falta de vontade política internacional mantém intacta a hegemonia dos Estados Unidos.

O artigo, intitulado “United Against the United States?” (29 de Agosto de 2025), sustenta que a imposição de tarifas se tornou o instrumento preferencial de Trump para lidar com problemas internacionais, desde défices comerciais à guerra na Ucrânia. Com a Organização Mundial do Comércio (OMC) praticamente “morta”, não existe hoje um órgão supranacional eficaz para contestar tais medidas.

Segundo os autores, a estratégia de Washington é comparável à lógica clássica do “divide et impera”: manter os parceiros desunidos para conservar a posição hegemónica. “Tal como na política romana, dividir e reinar continua a ser a forma mais eficaz de preservar o poder”, argumentam.

A análise utiliza o conceito de “índice de rearranjo”, desenvolvido pelo McKinsey Global Institute, que mede a dificuldade dos EUA substituírem importações de determinados países. Produtos como decorações de Natal ou cobertores eléctricos — em que a China é praticamente o único fornecedor — exemplificam a dependência norte-americana.

No exercício comparativo, os autores posicionam México e Canadá como relativamente fortes, dado que os EUA dependem tanto deles como eles do mercado norte-americano. A União Europeia, embora relevante, revela maior vulnerabilidade — especialmente a Alemanha, com um índice de rearranjo de apenas 0,04. Já a China aparece como a mais robusta, graças ao seu ecossistema industrial desenvolvido ao longo de quatro décadas, difícil de replicar em curto prazo.

Contudo, a hipótese de os quatro actores agirem em conjunto contra Washington é considerada improvável. “Existe praticamente zero vontade política de coligação”, assinalam os autores. Assim, Trump beneficia de uma ordem global fragmentada que não consegue reagir colectivamente.

Os académicos alertam ainda que, apesar de a inflação estar controlada no curto prazo, um aumento futuro poderá obrigar a Reserva Federal a subir taxas de juro, situação que tende a forçar Trump a recuar. A análise cunha mesmo duas expressões: TACO (Trump Always Chickens Out) e TINO (Tariff in Name Only), sugerindo que as tarifas se tornarão, em grande medida, simbólicas, com múltiplas isenções na prática.

Para os autores, a estratégia mais lógica para Canadá, UE, México e China seria “colaborar e não agir”, mantendo-se firmes até que os próprios constrangimentos internos dos EUA obrigassem a administração Trump a recuar.

Fonte: O Económico

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