A ExxonMobil reafirmou que o arranque da produção de gás natural em Cabo Delgado, previsto para o final desta década, continua a depender da melhoria das condições de segurança na província. A multinacional norte-americana sublinhou que a decisão final de investimento (FID) apenas será possível após o levantamento da cláusula de força maior, que levou à suspensão das operações no bloco vizinho da Área 1 em 2021.
Falando na abertura da 10.ª Cimeira e Exposição de Gás e Energia de Moçambique, em Maputo, o Director-Geral da ExxonMobil em Moçambique, Arne Gibbs, destacou que “o fim do conflito é crucial para garantir um ambiente sustentável de desenvolvimento”. Segundo o responsável, a decisão de investimento no projecto Rovuma LNG, operado pela Mozambique Rovuma Venture (MRV) — joint venture entre ExxonMobil, ENI e CNPC — só poderá avançar com garantias de estabilidade em Cabo Delgado.
A ExxonMobil projecta o início da exploração para 2029/2030, com um investimento inicial superior a 300 milhões de dólares, destinado à expansão de infra-estruturas em Afungi e à criação de mais de 400 empregos directos para nacionais. Gibbs salientou que os benefícios não se limitarão ao fluxo de gás: “As receitas, os impostos, os empregos e as oportunidades para o país começam logo após a decisão de investimento, não apenas quando o gás começar a ser produzido”.
Do ponto de vista técnico, o projecto envolve a construção de gasodutos submarinos a mais de 1.500 metros de profundidade, transporte do gás até Afungi e liquefacção numa unidade com capacidade para processar 18 milhões de toneladas por ano.
Para preparar a engenharia detalhada do Rovuma LNG, a ExxonMobil seleccionou em Outubro de 2024 o consórcio liderado pela McDermott, em parceria com a italiana Saipem e a chinesa Petroleum Engineering and Construction Corporation, encarregado de concluir o FEED (Front-End Engineering Design) até ao final de 2025, antecedendo a FID.
Apesar de reconhecer avanços proporcionados pelas Forças de Defesa e Segurança em Cabo Delgado, Gibbs alertou para a persistência de ataques esporádicos que ainda condicionam o ambiente operacional. Sublinhou, contudo, que com estabilidade e cooperação internacional, Moçambique poderá assumir-se como um actor energético transformador. “Acreditamos que o futuro de Moçambique no sector energético é brilhante. Com estabilidade e cooperação, este será um marco transformador não só para o país, mas para toda a região”, concluiu.
Fonte: O Económico