Aos 17 anos, este menino da Invicta tem carta para clássicos, dotado de alma para atravessar mares e tempestades. E que revolta tem sido esta época no reino do dragão. Entre dúvidas, receios e anseios, Mora revelou-se – de novo – o mais ambicioso nos portistas. Neste clássico, galvanizou a maioria dos contra-ataques, tanto no meio como na lateral esquerda. E, claro, quis «molhar a sopa», mas a tenra idade impediu-o de desafiar o ímpeto do tribunal do Dragão até ao intervalo.
Já na segunda parte, confirmou o que desconfiávamos. Nesta versão do FC Porto, Rodrigo Mora está sempre um passo à frente na leitura das jogadas.
Quando o clássico parecia decidido para o Sporting, o avançado inglês aproveitou o esforço de Samu para repor a igualdade. Assim, soltou a festa no Dragão, instabilizou emocionalmente o Sporting e assinou o terceiro golo na Liga. Um momento de oportunismo, algo ainda em escassez nos azuis e brancos.
Outros destaques
Eustáquio: protagonizou a melhor oportunidade do FC Porto na primeira parte, aos 28 minutos, rematando à barra. Foi o assinalar da melhor fase dos portistas até ao intervalo. Depois, em contracorrente, surgiu o golo do Sporting.
Apesar de vários remates, Eustáquio revelou-se errático na transição defensiva e nas ações de recuperação do esférico.
Samu: maioritariamente sozinho na frente, até zonas laterais ocupou para ajudar à construção. Todavia, a muralha defensiva dos leões impediu o espanhol de regressar aos golos. Por isso, à exceção da tentativa de golo antes do meio-campo, na primeira parte, pouco se viu de Samu. Assim, já lá vão seis jogos a seco quanto a golos, a pior fase do avançado na época.
Em todo o caso, e porque este jogo vai muito para lá dos números, salva-se o esforço, aos 90+4m, decisivo para Namaso aplicar o 1-1.
No fim, um novo episódio de descontrolo emocional. A este nível, o avançado espanhol, de 20 anos, apenas prejudica a própria equipa com tais atitudes.
Pepê: endiabrado, mas intermitente, enquanto procura reconquistar a confiança dos adeptos. Foi titular, mas sem rasgo para encontrar espaços na área. Uma exibição que soube a pouco.
Tiago Djaló: o mais sereno na linha defensiva dos portistas. Face ao abanar de Nehuén Pérez e de Zé Pedro, o central formado no Sporting mostrou por que motivo crescia noutros contextos antes de rumar à Invicta.
Diogo Costa: um mero espectador e nada podia fazer aquando do belíssimo – e decisivo – remate de Fresneda, aos 42 minutos. Viveu a maioria do clássico fora da área, distribuindo ordens.
Fábio Vieira: a garra trazida do banco revelou-se importante, até para desgastar os leões. Ainda assim, quando encaixou – como os colegas – na organização defensiva do Sporting, também Fábio Vieira foi silenciado. Foi o espelho de um FC Porto incapaz de construir com pragmatismo.
Gonçalo Borges: de que serve fintar, quando as decisões são erráticas? O avançado que prometeu quase dar a alma – depois da derrota em Barcelos – continua a sucumbir à própria vontade de brilhar. De facto, o anseio de ser estrela pode-nos trair. Mas Gonçalo Borges ainda não se apercebeu de tal. Aparentemente.
Anselmi: se Rui Borges era o espelho da serenidade – até em momentos frenéticos – o treinador do FC Porto viveu episódios de loucura. Então quando Namaso empatou o clássico, ao argentino só faltou saltar para a bancada. Vai, por certo, ambientar-se perfeitamente à Invicta. É como diz o povo: ou corre muito bem, ou corre muito mal.
Sempre interventivo, sabe que tem uma tarefa hercúlea – a roçar a impossibilidade – para reconstruir o FC Porto e tornar esta equipa capaz de celebrar novas conquistas.
Fonte: Mais Futebol