FC Porto-Sporting, 1-1 (destaques dos leões)

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FC Porto-Sporting (Estela Silva/Lusa)

Vá se lá saber que conversa teve Rui Borges com o espanhol, mas a ressurreição não poderia surgir em melhor altura. O defesa, de 20 anos, separou o prefixo «in» do termo dispensável, agarrou a titularidade e continua a acumular créditos nos planos de Rui Borges.

Fixado ao corredor direito, e tranquilo atrás, aproveitou um raro momento de desorganização na área portista para sacudir as críticas quanto à capacidade ofensiva. Como tal, aos 42 minutos, inaugurou o marcador. Um remate muito bem colocado e que gelou o Dragão, no melhor momento dos portistas até ao intervalo. Depois de se estrear a marcar na Liga na receção ao Farense, há uma semana, Fresneda volta a fazer estragos e cai nas graças dos adeptos leoninos.

Tal momento do espanhol só foi diminuído ao cair do pano, quando Namaso repôs a igualdade (1-1).

Face ao inesperado empate do FC Porto, e dando os três pontos como reservados, o golo de Namaso foi rude golpe nas aspirações da turma de Rui Borges. Na resposta, Quenda voltou a acelerar pela esquerda e caiu junto à linha final, soltando a fúria na linha lateral. Entre empurrões e altercações, Matheus Reis – quem mais?! – esticou a corda e viu dois cartões amarelos, enquanto Diomande visou Fábio Vieira.

Depois de um clássico bem disputado, estes episódios eram escusados. Fica a fatura para o Sporting pagar. A viver um momento delicado de lesões – num boletim que deverá contar também com o nome de João Simões – Rui Borges tem novo problema para resolver. Para a próxima ronda – depois do primeiro «round» com o Dortmund – não vai contar com a dupla de defesas.

Quenda: distribuiu chocolates amargos de cacau na defesa do FC Porto, azedando, em particular, o ânimo de Zé Pedro, Eustáquio e João Mário. Se Mora se acanha em determinados momentos, este menino de 2007 abre o livro em todas as oportunidades. Por isso, semeou o perigo em meio-campo ofensivo, assistiu para o golo de Fresneda e beneficiou da melhor oportunidade do Sporting na etapa complementar, aos 71 minutos. E já lá vão 36 jogos pelo Sporting nesta época. Quanto talento.

João Simões: um clássico ingrato para este jovem algarvio, de 18 anos. O talentoso criativo «made in Alcochete» foi atormentado por uma dor no joelho direito, na sequência de uma falta de Eustáquio, aos 16 minutos. Ainda que a entrada do canadiano não tenha sido perigosa, a queda de Simões foi aparatosa, de joelho direto na relva e a sustentar o corpo. Por isso, oito minutos volvidos, foi rendido por Debast. Assim, este jovem médio saiu de cena com total eficácia de passes (8), construindo no corredor central ou descaído para a direita.

Trincão: nova noite perfumada, sempre decisivo na transição ofensiva. Quase nada se pode apontar a este avançado, merecedor de outros patamares. Todavia, o Sporting permanece a sua estadia, pois segue como um dos pilares do líder da Liga. As decisões são um tratado. Os olhos agradecem.

Rui Silva: num teste de fogo, o guardião aproveitou a segunda parte do FC Porto para brilhar, nomeadamente aos 69 minutos, quando o cabeceamento de Pepê parecia destinado a entrar. Quanto ao golo sofrido, estava exposto.

Harder: continua a crescer, mas muito longe da clarividência de Gyökeres. Não é surpresa, nem novidade, mas é de assinalar. A diferença é notória, a capacidade de o sueco rodar e visar a baliza é superlativa. Para lá chegar, Harder precisa de vários desafios como aquele enfrentado esta noite. Perante uma defesa frágil, o jovem ponta de lança foi incapaz de incomodar Diogo Costa, e, inclusive, não encontrou ângulo para um único remate digno de registo.

Rui Borges: o espelho da tranquilidade. No golo, cerrou os punhos. De resto, permaneceu sereno na linha lateral, quase sempre de mãos nos bolsos. Até aos 75 e 90+6m, quando o banco do Sporting saltou a pedir penálti. Nesse momento, Rui Borges deu um passo ao lado, pediu a um elemento da equipa técnica para se afastar e deu o exemplo.

É uma imagem de marca, de um homem do Norte com coração gelado. Ou pelo menos, parece. Em suma, Rui Borges confia em pleno nos seus homens, confiando-lhes a missão do bicampeonato. Esta noite, no Dragão, não se deu pelo treinador do Sporting. O mesmo não se pode dizer de Anselmi.

Fonte: Mais Futebol

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