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Tuesday, September 30, 2025
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Finanças Não-Bancárias Crescem e Já Representam Metade do Crédito Global

Desde a crise financeira de 2008, as instituições não-bancárias assumiram um papel central no sistema financeiro global. Hoje, metade de todos os serviços financeiros mundiais é oferecida por entidades que não são classificadas nem reguladas como bancos, incluindo fundos de investimento, seguradoras, fintechs e fundos de crédito privado.

A crise de 2008 expôs as fragilidades do sistema bancário, forçando governos e reguladores a apertar a supervisão prudencial. Nesse vácuo, emergiu um ecossistema diversificado de entidades não-bancárias que, sem captar depósitos nem ter acesso a linhas directas dos bancos centrais, passaram a fornecer crédito, liquidez e produtos de investimento a governos, empresas e consumidores.

Cinco megatendências ajudam a explicar este crescimento. Em primeiro lugar, governos passaram a contar com novos financiadores, já que fundos e empresas de trading de alta frequência passaram a comprar títulos soberanos, como os EUA Treasuries, aumentando a liquidez e ajudando a conter as taxas de juro da dívida pública. Em segundo lugar, empresas de média dimensão ganharam mais acesso a crédito, através de fundos privados financiados por seguradoras, fundos de pensões e soberanos, que oferecem soluções a negócios demasiado grandes ou arriscados para os bancos, mas pequenos demais para emitir obrigações próprias. Em terceiro lugar, consumidores e pequenas empresas têm hoje mais opções de crédito, desde empréstimos de longo prazo para automóveis até soluções buy now, pay later e micro-empréstimos móveis em economias emergentes, tendência impulsionada pelas fintechs. Em quarto lugar, os investidores de todas as dimensões encontram maior diversificação, com fundos passivos a democratizar o acesso aos mercados de capitais e a ampliar a exposição a activos como imobiliário comercial ou metais preciosos. Finalmente, estes fundos passivos têm ainda introduzido um efeito estabilizador nos mercados, uma vez que compram automaticamente acções em queda e vendem aquelas que valorizam acima dos índices de referência.

O lado positivo é evidente: mais opções de financiamento, inclusão financeira e resiliência em períodos de crise. Contudo, os riscos são significativos. Episódios como o colapso da Archegos Capital Management em 2021 mostraram como fundos altamente alavancados podem gerar perdas sistémicas. Da mesma forma, a corrida aos fundos no início da pandemia de 2020 revelou a vulnerabilidade de veículos que prometem liquidez imediata, mas investem em activos de longo prazo.

Organismos internacionais como o Financial Stability Board defendem maior recolha e partilha de dados, novos modelos de análise de risco e uma supervisão mais firme. O objectivo é evitar que os riscos se propaguem, sem travar a inovação que caracteriza este sector.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>No essencial, a ascensão das finanças não-bancárias representa uma transformação estrutural: de alternativa ao sistema bancário para pilar central do financiamento global, com impacto directo no futuro das políticas monetárias, na estabilidade financeira e no acesso a capital em todo o mundo.

Fonte: O Económico

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