Por: Gentil Abel
Nas últimas duas décadas, o continente africano tem enfrentado um aumento alarmante das actividades terroristas, com impactos diretos na estabilidade política, na segurança regional e no desenvolvimento económico. E para além dos atentados e confrontos armados, uma das frentes mais complexas deste fenómeno reside no seu sustento financeiro, elemento essencial para a manutenção e expansão das redes extremistas.
Pois, em países como Nigéria, Mali e Somália, o financiamento de grupos armados ocorre através de múltiplas vias. O tráfico de drogas, o contrabando de armas e os sequestros lucrativos, têm-se revelado fontes expressivas de receita.
No entanto, o problema não se limita, apenas, a essas práticas. E um dos principais desafios para as autoridades africanas é o uso crescente de sistemas de transferência de moeda eletrónica, que permitem transações rápidas e discretas, sem necessidade de registos bancários. Embora amplamente utilizados para fins legítimos, esses mecanismos têm sido explorados por redes criminosas e extremistas, permitindo movimentar fundos sem deixar rasto, o que complica seriamente o rastreamento e o controlo das operações financeiras.
Além disso, relatórios recentes do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) e da União Africana destacam a utilização de organizações de caridade e pequenas empresas como fachadas para o branqueamento de capitais destinados a financiar o extremismo. Assim sendo, o desafio torna-se duplo e urgente: não apenas identificar e desmantelar as fontes de financiamento, mas também fortalecer as instituições nacionais responsáveis pela supervisão financeira, garantindo que o dinheiro não continue a alimentar o caos.
Desta feita, é fundamental compreender que o financiamento do terrorismo em África não representa apenas um problema de segurança, mas também um desafio crítico à soberania e à integridade dos Estados. Enfrentar esta ameaça silenciosa exige acções coordenadas, rápidas e eficazes, capazes de cortar o fluxo de recursos que sustentam o extremismo e proteger o futuro do continente africano.
