FMI alerta para necessidade de consolidação fiscal e projecta crescimento de 3% para Moçambique em 2025

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A missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Pablo Lopez Murphy, que concluiu visita a Moçambique no âmbito das Quinta e Sexta Revisões do Programa da Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês), esteve em discussões com as autoridades moçambicanas que enfocaram as políticas fiscais, financeiras e estruturais necessárias para garantir a estabilidade macroeconómica e a sustentabilidade da dívida do país. Apesar do tom positivo, os técnicos do FMI identificaram desafios significativos para a economia moçambicana, alertando para a necessidade de medidas de consolidação fiscal e de uma melhor gestão da despesa pública.

Recessão no final de 2024 e projeção de recuperação em 2025

Os dados preliminares apresentados pelo FMI indicam que a economia moçambicana contraiu-se 4,9% no último trimestre de 2024, refletindo os impactos negativos da agitação social registada no país. Esta queda veio depois de um crescimento de 3,7% no terceiro trimestre de 2024, levando a um crescimento global de apenas 1,9% no ano passado.

Para 2025, as projecções do FMI apontam para uma recuperação modesta de 3%, sustentada pela normalização da situação social e pelo crescimento do sector dos serviços.

Derrapagem fiscal e necessidade de ajustes

O relatório da missão do FMI alerta para desvios fiscais significativos registados em 2024, em grande parte explicados pelo impacto negativo da contração económica no último trimestre do ano.

Entre os principais desafios, o FMI destaca que:

Para o FMI, a consolidação fiscal em 2025 será necessária para preservar a estabilidade macroeconómica e evitar riscos adicionais à sustentabilidade da dívida.

Inflação sob controlo, apesar de pressões nos preços

A inflação registou pressões ascendentes devido à interrupção das cadeias de abastecimento e ao aumento dos preços dos alimentos, mas permaneceu abaixo da meta implícita de 5%, segundo os técnicos do FMI.

O Banco de Moçambique, por sua vez, adotou medidas para estimular a economia, nomeadamente:

Encontros de alto nível e continuidade das negociações

Durante a visita, a equipa do FMI manteve encontros com o Presidente da República, Daniel Chapo, a Primeira-Ministra Maria Levy, a Ministra das Finanças Carla Loveira, e o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, entre outros altos funcionários.

A missão também reuniu-se com representantes da sociedade civil, partidos políticos, parceiros de desenvolvimento e do setor privado.

No culminar da visita, o FMI classificou as discussões como “construtivas”, mas adiantou que as negociações continuarão de forma virtual nas próximas semanas, com vista à conclusão das revisões do Programa da ECF.

A missão do FMI a Moçambique permitiu vincar os desafios que o país enfrenta no curto prazo, principalmente no que diz respeito ao ajustamento fiscal e à recuperação económica após a contração registada no final de 2024.

Com a previsão de crescimento de 3% para 2025, os próximos meses serão cruciais para a implementação de reformas que garantam maior disciplina orçamental e fortaleçam a resiliência da economia moçambicana.

Fonte: O Económico

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