Resumo
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, visitou a sede do Fundo Monetário Internacional em Washington D.C., marcando o início de uma nova fase nas relações entre Moçambique e o FMI. Durante o encontro com o vice-diretor-geral do FMI, Bo Li, discutiram-se reformas económicas, um novo programa de apoio financeiro e o compromisso com a sustentabilidade e desenvolvimento social. Chapo agradeceu o apoio do FMI, destacando a importância de alinhar o programa de cooperação com a visão do Governo, baseada em transparência, boa governação e diversificação económica. O Presidente reiterou a necessidade de trabalhar em conjunto para enfrentar desafios macroeconómicos e financeiros, incluindo a dívida pública, arrecadação de receitas e combate à corrupção, enfatizando o compromisso do Governo com reformas para fortalecer a gestão pública e promover a estabilidade financeira.
O Chefe de Estado moçambicano foi recebido pelo vice-director-geral do FMI, Bo Li, com quem manteve uma reunião de trabalho centrada na necessidade de reforçar a cooperação entre as duas partes. O encontro decorreu num clima de franca cordialidade e compreensão mútua e serviu para discutir as reformas económicas em curso, o novo programa de apoio financeiro e o compromisso conjunto com a sustentabilidade e o desenvolvimento social.
O Presidente Daniel Chapo aproveitou a ocasião para agradecer ao FMI o apoio concedido a Moçambique nos últimos anos, sublinhando que a parceria tem sido fundamental para estabilizar a economia nacional e impulsionar a recuperação após vários choques internos e externos. O Chefe de Estado destacou ainda a importância de alinhar o novo programa de cooperação com a visão do Governo moçambicano, assente na transparência, boa governação e diversificação económica.
“Como é do conhecimento público, em Março deste ano de 2025, escrevemos para o FMI a solicitar um novo programa que estivesse em sintonia com a visão que nós temos como Governo. Viemos primeiro para agradecer o facto de o FMI ter aceite o nosso pedido e por reconhecer a necessidade de termos um programa ajustado às prioridades do país. Este foi o primeiro passo”, afirmou Daniel Chapo, explicando que a visita tem também um carácter de reafirmação política e técnica das reformas que o Executivo está a implementar.
Num discurso sereno, mas firme, o Presidente Chapo enfatizou que Moçambique está a atravessar um momento decisivo, no qual as reformas estruturais devem consolidar os ganhos obtidos e garantir a sustentabilidade fiscal. “Viemos reiterar que reconhecemos os desafios macroeconómicos e financeiros que o país enfrenta e que precisamos de trabalhar em conjunto para melhorar a situação. Falámos sobre a dívida pública, interna e externa, sobre a necessidade de melhorar a arrecadação de receitas, alargar a base fiscal e continuar a promover a boa governação, a transparência e o combate à corrupção que estamos a levar a cabo”, acrescentou o Chefe de Estado, visivelmente empenhado em transmitir uma mensagem de seriedade e compromisso.
O Presidente moçambicano assegurou ainda que o Governo está a liderar um conjunto de reformas destinadas a fortalecer a gestão pública, promover a estabilidade financeira e criar um ambiente mais favorável ao investimento privado. “Viemos pedir ao FMI que continue a apoiar-nos nesse processo, com assistência técnica e financeira, porque o objectivo principal destas reformas é melhorar a situação macroeconómica e financeira do país. O nosso parceiro estratégico comprometeu-se a continuar a trabalhar connosco e vai enviar uma missão a Moçambique em Novembro para se inteirar da nova visão e do novo programa que estamos a desenvolver”, revelou Chapo.
Durante a reunião, o Chefe do Estado partilhou com o FMI os avanços recentes da economia moçambicana, destacando a saída do país da lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) e o relançamento de importantes projectos energéticos. “É do conhecimento de todos que a situação do país está a melhorar. Saímos da lista cinzenta, o que representa um passo importante para a credibilidade de Moçambique. Os projectos ligados ao gás do Rovuma estão a ser retomados e, recentemente, assinámos com a ENI o acordo de decisão final de investimento do projecto Coral Norte, no valor de cerca de sete mil milhões de dólares. Estes sinais positivos reforçam a nossa confiança de que estamos no caminho certo para melhorar a situação económica e financeira do país nos próximos anos”, disse.
Com uma visão estratégica de longo prazo, o Presidente Chapo defendeu que Moçambique deve reduzir a dependência dos recursos naturais e apostar numa economia diversificada, baseada em sectores produtivos e sustentáveis. “Não queremos concentrar-nos apenas no gás. Queremos canalizar os recursos provenientes deste sector para investir em infraestruturas, agricultura, turismo, indústria e energia. O nosso objectivo é diversificar a economia e promover um crescimento sustentável que beneficie o povo moçambicano”, frisou.
O Presidente destacou ainda que a nova visão económica do Governo assenta na criação de oportunidades de emprego, no fortalecimento do sector privado e na inclusão social. “O crescimento económico só tem sentido se chegar às pessoas, se transformar a vida das comunidades e se traduzir em melhoria das condições de vida. É isso que nos move e é para isso que estamos a trabalhar com os nossos parceiros”, afirmou.
Por seu turno, o vice-director-geral do FMI, Bo Li, expressou satisfação com o diálogo mantido com o Presidente moçambicano e reafirmou o compromisso da instituição em continuar a apoiar o país nas reformas em curso. “Sua Excelência, Presidente Chapo, na sua primeira visita ao Fundo Monetário Internacional como Chefe de Estado, discutimos de forma franca e produtiva os desafios e as oportunidades que Moçambique enfrenta e a forma como o FMI pode apoiar as autoridades no programa de reforma e estabilização. Quero agradecer ao Presidente Chapo pelo seu tempo e reiterar a nossa total disponibilidade para continuar a trabalhar com o Governo moçambicano”, afirmou o responsável.
A visita do Presidente Daniel Chapo ao FMI ocorre num momento em que o país continua a beneficiar do programa de assistência financeira aprovado pela instituição em 2022, no valor de cerca de 456 milhões de dólares, ao abrigo do Extended Credit Facility. O programa visa apoiar a recuperação económica, reduzir as vulnerabilidades da dívida pública e criar espaço orçamental para investimentos prioritários em sectores como a educação, a adaptação climática e as infra-estruturas.
Durante a última revisão do programa, realizada em Julho de 2024, o Conselho Executivo do FMI aprovou um desembolso adicional de cerca de 60 milhões de dólares para apoio orçamental, elevando o total desembolsado para mais de 330 milhões de dólares até àquela data. Estes fundos têm sido cruciais para estabilizar as contas públicas e assegurar a continuidade de políticas sociais e económicas em curso.
A reunião de Washington é vista por alguns actores da economia como mais do que um simples encontro de cortesia. Trata-se de um sinal político de peso que demonstra o empenho do novo Governo moçambicano em reatar plenamente a confiança das instituições multilaterais. A aproximação ao FMI é vista como um passo estratégico para reforçar a credibilidade financeira do país, condição essencial para atrair investimento estrangeiro e garantir financiamento em condições mais favoráveis.
A nível interno, o encontro reforça também o compromisso do Executivo com a boa governação, a transparência e a responsabilização na gestão dos recursos públicos. Fontes próximas da comitiva presidencial indicam que o Presidente Chapo tem insistido em colocar a integridade e a eficiência como pilares da sua governação económica, procurando demonstrar que Moçambique está pronto para uma nova fase de estabilidade e crescimento.
Ao final do encontro, as duas partes concordaram em manter um diálogo permanente e em aprofundar a cooperação técnica. A missão do FMI prevista para Novembro deverá analisar as novas propostas do Governo moçambicano no quadro do programa de diversificação económica e apoiar a formulação de medidas que garantam maior resiliência fiscal e crescimento inclusivo.
A visita de Daniel Chapo ao Fundo Monetário Internacional foi, assim, mais do que um gesto protocolar: foi uma demonstração clara da intenção do Chefe de Estado de posicionar Moçambique como um parceiro confiável, comprometido com a reforma e com o desenvolvimento sustentável.
Fonte: O País






