Questões-Chave:
Num contexto de enfraquecimento do crescimento económico e aumento das tensões geopolíticas, o Fundo Monetário Internacional defende a necessidade de um novo pacto global para o crescimento. Este pacto assenta em reformas estruturais, inovação tecnológica e maior eficiência na alocação de recursos, numa tentativa de reacender o dinamismo da economia mundial.
Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI, traça um diagnóstico claro: apesar de o mundo ter evitado uma crise severa de crescimento após a pandemia e a guerra na Ucrânia, o potencial de expansão económica continua a deteriorar-se. A explicação, sustenta, reside menos na escassez de trabalho ou capital, e mais na queda da produtividade total dos factores.
Nos países com mercados mais flexíveis — como os Estados Unidos — a alocação de recursos melhorou, beneficiando a produtividade. Noutros contextos, entraves regulatórios e limitações financeiras travam esse dinamismo. Segundo cálculos citados no relatório, se os países conseguissem reduzir em apenas 15% a distância de eficiência face aos EUA, poderiam acrescentar até 1,2 pontos percentuais ao crescimento global anual.
Porém, o FMI não preconiza desregulação irrestrita. Ao contrário, defende a remoção criteriosa de fricções e barreiras que protegem ineficiências — como o caso ilustrativo da Argentina, onde a restrição à exportação de couro beneficiou um sector à custa de outros e gerou desperdício económico.
A inteligência artificial (IA), com custos decrescentes e modelos acessíveis como Mistral e DeepSeek, é apontada como uma força transformadora da produtividade laboral, mas com impactos incertos e potencial de disrupção social. Por isso, políticas de adaptação, reconversão de competências e protecção aos trabalhadores são consideradas cruciais.
No plano global, o comércio continua a ser um motor de crescimento. Entre 1995 e 2020, a redução de custos comerciais aumentou o PIB mundial em 6,8% em termos reais — e até 33% nos países de baixo rendimento. Porém, as actuais tensões geopolíticas ameaçam este percurso.
Apesar disso, o FMI destaca a emergência dos países “conectores” — como México, Marrocos e Vietname — que operam fora dos blocos ocidentais e sino-centrados, e actuam como pontos de reencaminhamento produtivo, ajudando a mitigar a fragmentação. No entanto, alerta-se que cadeias de valor esticadas e maior opacidade nos fluxos comerciais aumentam riscos e reduzem eficiência.
O apelo do FMI é claro: é tempo de reacender o crescimento global com políticas ancoradas em reformas estruturais, inovação tecnológica e integração inteligente. O exemplo de Bretton Woods é convocado como referência histórica de cooperação, lembrando que o crescimento partilhado requer compromissos colectivos.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A construção desse novo pacto de crescimento, segundo o FMI, não deve ter como fim o comércio ou a tecnologia, mas sim o emprego, a melhoria dos rendimentos e a inclusão económica duradoura.
Fonte: O Económico