Resumo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma expansão económica global de 3,2% em 2025, impulsionada por tarifas mais moderadas e estímulos fiscais, mas alerta para o impacto negativo de possíveis tensões comerciais entre os EUA e a China. O FMI destaca a resiliência da economia global face a desafios como as tarifas e o aperto financeiro, mencionando o papel do setor privado e investimentos em inteligência artificial. Contudo, o risco de uma "Guerra Comercial 2.0" preocupa, com Trump a ameaçar aumentar tarifas sobre produtos chineses. O FMI adverte que tal escalada poderia prejudicar a atividade económica global. Apesar das incertezas, prevê-se um crescimento estável nos EUA, com 2,0% em 2025. Na Europa e na Ásia, ajustes positivos são esperados, com destaque para o crescimento na zona euro e no Japão, mas com cautela em relação à China.
O Fundo prevê uma expansão de 3,2% em 2025, apoiada por tarifas mais moderadas e estímulos fiscais, mas adverte que a retoma pode ser travada por novas tensões comerciais entre Washington e Pequim.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta a sua previsão de crescimento económico global, projectando uma expansão de 3,2% em 2025, sustentada por tarifas mais brandas do que o esperado, condições financeiras mais favoráveis e forte investimento tecnológico.
No entanto, o Fundo alertou que uma nova guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, em resposta a ameaças tarifárias de Donald Trump, poderá travar significativamente a recuperação económica mundial.
Economia Global Mais Resiliente
De acordo com o World Economic Outlook, o FMI reconhece que a economia mundial mostrou maior agilidade e resiliência perante o choque das tarifas e o aperto financeiro.
A instituição destaca o papel do sector privado, que “antecipou importações e redireccionou cadeias de fornecimento”, e sublinha ainda o impacto positivo de um dólar mais fraco, estímulos fiscais na Europa e na China, e investimentos crescentes em inteligência artificial.
“Não é tão mau quanto temíamos, mas pior do que antecipávamos há um ano — e pior do que precisamos”, afirmou Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI, nas vésperas das Reuniões Anuais do FMI e Banco Mundial.
O Novo Risco: A Guerra Comercial 2.0
O alerta do FMI surge após Donald Trump ameaçar aplicar tarifas de 100% sobre bens chineses, em resposta ao alargamento dos controlos de exportação de terras raras por parte de Pequim.
Actualmente, as taxas médias aplicadas rondam 55%, e o FMI avisa que uma nova escalada poderia travar a actividade global, com impacto directo na confiança, no investimento e no consumo.
“Se isso se materializar, representará um risco muito significativo para a economia mundial”, declarou Gourinchas à Reuters.
Num cenário alternativo de tarifas 30 pontos percentuais mais altas sobre produtos chineses e 10 pontos sobre parceiros como Japão e zona euro, o Fundo estima que o crescimento global em 2026 caia 0,3 pontos percentuais, podendo a redução atingir 1,8 pontos até 2027.
Estados Unidos Mantêm Crescimento Estável
Apesar das tensões, o FMI prevê uma expansão económica de 2,0% nos EUA em 2025, ligeiramente acima dos 1,9% estimados em Julho, e 2,1% em 2026.
A instituição atribui o desempenho ao estímulo fiscal republicano, ao afrouxamento das condições financeiras e ao dinamismo dos investimentos em IA.
“A economia americana continua a mostrar força, ainda que o impulso seja desigual e sustentado por factores temporários”, refere o relatório.
Europa e Ásia: Ajustes Positivos e Cautela na China
Na zona euro, o FMI revê o crescimento para 1,2% em 2025, impulsionado pela expansão fiscal da Alemanha e pela resiliência da economia espanhola.
No Japão, o crescimento sobe para 1,1%, graças ao aumento dos salários e ao consumo doméstico robusto, embora deva desacelerar para 0,6% em 2026.
A China mantém previsões de 4,8% em 2025 e 4,2% em 2026, mas o FMI considera o panorama “preocupante”, citando fragilidade no sector imobiliário e riscos de deflação e instabilidade financeira.
“A economia chinesa continua na fronteira de uma armadilha de dívida e deflação”, alertou Gourinchas.
Inflação e Perspectivas Regionais
O FMI manteve a inflação global praticamente inalterada, em 4,2% para 2025 e 3,7% para 2026, mas nota divergências regionais.
Nos EUA, prevê-se um aumento dos preços à medida que as empresas repassam custos das tarifas aos consumidores, enquanto na Ásia, as projecções foram revistas em baixa — nomeadamente em China, Índia e Tailândia — devido à moderação do crescimento.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O relatório do FMI transmite uma mensagem dupla: o crescimento global resiste, mas a vulnerabilidade estrutural permanece.
A economia mundial, embora mais adaptável, continua dependente das decisões políticas e exposta ao risco de fragmentação comercial.
O alívio temporário oferecido por tarifas menos severas e estímulos fiscais poderá ser efémero se a retórica proteccionista voltar a dominar o comércio internacional.
Fonte: O Económico