Resumo
O estudo Pull Strategy, apresentado em Maputo pelo Ministério da Economia e pelo Comité Nacional de Fortificação de Alimentos (CONFAM), em parceria com a Food Fortification Initiative (FFI) e o UNICEF, revelou progressos na conformidade dos produtos fortificados em Moçambique, destacando avanços na qualidade, mas também lacunas de padronização e fiscalização. O relatório aponta para oportunidades de investimento no setor agro-industrial, sublinhando a importância da nutrição como fator de competitividade económica. A fortificação alimentar é vista como uma política de duplo impacto, melhorando a saúde pública e fortalecendo a base produtiva nacional. O estudo abrangeu cinco produtos fortificáveis em várias províncias, destacando o sal como exemplo de boas práticas e defendendo a replicação do rigor técnico noutros setores para garantir benefícios nutricionais eficazes para a população.
Estudo Pull Strategy aponta progressos na conformidade dos produtos fortificados, identifica desafios de padronização e revela oportunidades de investimento no sector agro-industrial.
Apresentado em Maputo pelo Ministério da Economia e pelo Comité Nacional de Fortificação de Alimentos (CONFAM), em parceria com a Food Fortification Initiative (FFI) e o UNICEF, o estudo Pull Strategy avaliou o grau de cumprimento das normas nacionais de fortificação alimentar em Moçambique.
Os resultados evidenciam progressos relevantes na qualidade e conformidade dos produtos, mas também sublinham lacunas de padronização e fiscalização. O relatório abre igualmente caminho a novas oportunidades industriais, reforçando a percepção de que a nutrição é, hoje, um factor de competitividade económica.
Nutrição e Indústria: Duas Faces da Mesma Política Pública
Para o Governo, a fortificação alimentar é uma política de duplo impacto: melhora a saúde pública e fortalece a base produtiva nacional.
A representante do Ministério da Economia e do CONFAM, Eduarda Mungoi, sublinhou que a fortificação é “a abordagem mais sustentável para prevenir deficiências nutricionais, sobretudo em países de baixa renda”, acrescentando que “integra-se nas cadeias de valor agro-industriais e estimula a inovação e a diversificação do tecido produtivo”.
A visão governamental reforça que investir na nutrição é investir na economia. O fortalecimento do sector agro-industrial é visto como componente essencial de uma estratégia mais ampla de desenvolvimento humano e de criação de valor interno.
Metodologia Nacional Revela Retrato Equilibrado do Sector
O estudo decorreu nas províncias de Maputo, Matola, Nampula e Sofala, incidindo sobre cinco produtos fortificáveis — óleo, açúcar, sal, farinha de trigo e farinha de milho.
Segundo Wilson Intchama, da FFI, o processo envolveu quatro fases: análise institucional, advocacia e capacitação, recolha de amostras e testes laboratoriais, permitindo “uma leitura robusta do panorama nacional”.
Os resultados apontam o açúcar como o produto mais conforme (85%), seguido do sal (77%) e da farinha de milho (74%). Ainda assim, nenhuma amostra atingiu integralmente os padrões nacionais, revelando a necessidade de reforçar o controlo de qualidade e a monitoria industrial.
Sector do Sal Assume Posição de Referência Nacional
Entre os produtos avaliados, o sal destacou-se pela consistência e rigor técnico.
A representante do UNICEF, Lara Cristina Machuama, reconheceu “o esforço notável do sector do sal em ir além do que a norma estabelece”, considerando-o “um exemplo de boas práticas”.
A especialista defende que o desempenho das salineiras nacionais deve ser replicado noutros sectores, sublinhando que “a produção local e o controlo laboratorial sistemático são essenciais para sustentar a qualidade e assegurar que os objectivos nutricionais se traduzam em benefícios efectivos para as populações”.
Fortificação Alimentar Como Alavanca de Industrialização Leve
O Pull Strategy enfatiza que a fortificação alimentar não é apenas uma política de saúde — é também uma estratégia de industrialização leve.
De acordo com o CONFAM, Moçambique dispõe de condições naturais e produtivas que podem transformar a política de fortificação num motor de investimento privado e de crescimento industrial.
“Temos uma costa longa e matéria-prima suficiente para a produção de sal. Estes resultados devem ser vistos também como oportunidades de negócio para o sector privado”, afirmou Eduarda Mungoi.
Segundo Wilson Intchama, “a fortificação em larga escala é a adição deliberada de vitaminas e minerais aos alimentos durante o processamento, actuando como elo estratégico entre agricultura, indústria e nutrição”.
Padronização, Fiscalização e Tecnologia: O Próximo Desafio
Apesar dos progressos, o relatório alerta que Moçambique precisa de reforçar a fiscalização industrial, harmonizar padrões e estimular a adopção de tecnologias que assegurem conformidade total.
A ausência de plena padronização demonstra que, embora o compromisso institucional seja forte, ainda falta consolidar mecanismos de monitoria e de controlo contínuo que garantam consistência ao longo de toda a cadeia produtiva.
O Pull Strategy propõe maior coordenação entre Governo, reguladores, laboratórios e indústrias, no sentido de consolidar um mercado alimentar mais competitivo e sustentável, capaz de gerar impactos económicos duradouros e ganhos sociais cumulativos.
Alimentar Melhor É Produzir Melhor
No essencial, o estudo confirma que a fortificação alimentar ultrapassa o domínio da saúde pública — é também uma política industrial.
À medida que Moçambique avança para consolidar padrões de qualidade, surge uma oportunidade estratégica: transformar a nutrição em indústria e a conformidade em competitividade.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A questão central, contudo, é de execução. O desafio consiste em garantir que os progressos laboratoriais se traduzam em escala produtiva e investimento privado efectivo.
A resposta dependerá de coordenação interinstitucional eficaz e de uma visão económica integrada, capaz de perceber que alimentar melhor é, em última instância, produzir melhor.
Fonte: O Económico






