Num tempo em que os desafios da existência quotidiana se intensificam e as fragilidades humanas são muitas vezes silenciadas, esta peça emerge como um grito poético e cru. Através da intimidade de duas personagens – José e Rita –, o público é conduzido a uma viagem emocional que toca temas como o desemprego, a solidão, a depressão, a sobrevivência urbana, os sonhos adiados e a dignidade em contextos de exclusão.
José, homem inteligente, mas marcado por traumas, e Rita, ex-prostituta e sonhadora, vivem juntos num apartamento. Partilham um quotidiano duro, mas também momentos de ternura e resistência. As suas conversas, silêncios, beijos, confrontos e recordações revelam uma verdade incómoda e comovente: mesmo quando tudo parece perdido, ainda resta o desejo de sonhar.
A peça propõe uma reflexão profunda sobre o que significa viver — e sobreviver — numa sociedade cada vez mais desumanizada e desigual. A sua força reside na autenticidade dos diálogos, na poesia da dor e na coragem de expor a intimidade emocional como acto político.
A coordenação artística é de Ramadan Matusse, com interpretação de Paulo Jamine e Maria Auzenda, produção de Quitéria Nhalungo.
Fonte: O País