Resumo
O relatório do G20 destaca que a economia global está estagnada num ciclo de crescimento fraco e desigual, com a recuperação pós-pandemia a perder força devido a pressões inflacionistas, taxas de juro altas, tensões geopolíticas e volatilidade nos mercados de energia e alimentos. Prevê-se um crescimento global moderado, abaixo das médias da década anterior, alertando para a possibilidade de se tornar estrutural sem a adoção de medidas coordenadas. A inflação global está a diminuir, mas de forma desigual entre regiões, com a política monetária restritiva a ter efeitos lentos e desiguais. O relatório destaca a importância de uma calibração cuidadosa das políticas macroeconómicas para evitar desequilíbrios. A fragmentação geoeconómica é identificada como uma ameaça grave para a estabilidade global.
O relatório do G20 sublinha que a economia mundial permanece presa num ciclo de crescimento fraco e desigual. A recuperação pós-pandemia perdeu dinamismo mais rapidamente do que inicialmente previsto, afectada por pressões inflacionistas persistentes, taxas de juro elevadas, tensões geopolíticas e volatilidade nos mercados de energia e alimentos. As instituições internacionais citadas no documento convergem na previsão de um crescimento global moderado, significativamente abaixo das médias históricas da década anterior.
O G20 alerta que esta tendência poderá tornar-se estrutural caso não sejam adoptadas medidas coordenadas que restaurem a confiança, reforcem a produtividade e mitiguem os riscos de fragmentação comercial e tecnológica. A economia mundial enfrenta, assim, o risco de um “crescimento de baixa intensidade”, insuficiente para reduzir desigualdades e financiar a transição climática.
Inflação A Caminho Da Normalização, Mas Com Custos Assimétricos
O relatório confirma que a inflação global segue uma trajectória descendente, embora com diferenças marcantes entre regiões. A política monetária restritiva adoptada pelas principais economias começa a produzir efeitos, mas o ajustamento tem sido lento e desigual. Em várias economias emergentes, a descida dos preços continua condicionada por choques climáticos, instabilidade cambial e custos de financiamento mais elevados.
O G20 sublinha que a normalização monetária não deve comprometer objectivos de médio prazo, sobretudo em países com menor espaço fiscal. Recomenda-se, por isso, uma calibração cuidadosa das políticas macroeconómicas, evitando um aperto simultâneo que possa agravar desequilíbrios e travar investimentos essenciais.
Fragmentação Geoeconómica Ganha Peso e Expõe Vulnerabilidades
O relatório identifica a fragmentação geoeconómica como uma das ameaças mais graves para a estabilidade global. A intensificação das rivalidades estratégicas, a reconfiguração das cadeias de abastecimento e o enfraquecimento do sistema multilateral criam obstáculos ao comércio, ao investimento e à difusão tecnológica.
A proliferação de políticas industriais unilaterais em grandes economias, associada à competição por minerais críticos, energia limpa e tecnologias estratégicas, aumenta o risco de polarização e de duplicação de capacidades produtivas, com custos elevados para a eficiência económica global. O G20 alerta que, sem cooperação reforçada, a fragmentação poderá reduzir o PIB mundial em vários pontos percentuais nas próximas décadas.
Transição Climática Exige Esforço Global e Financiamento Escalonado
A transição energética e o combate às alterações climáticas ocupam posição central no relatório. O G20 enfatiza que, apesar de progressos recentes, o mundo continua distante das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. O fosso entre necessidades e financiamento permanece profundo, sobretudo nos países em desenvolvimento, que enfrentam custos elevados de adaptação e de transição, com espaço fiscal limitado.
O relatório reforça a urgência de ampliar os instrumentos financeiros, mobilizar mais capital privado e acelerar reformas nas instituições financeiras internacionais para viabilizar investimentos em energia limpa, resiliência climática, infra-estruturas sustentáveis e transformação digital inclusiva.
Produtividade Estagnada e Desafios Estruturais Limitam O Potencial De Crescimento
Outro ponto crítico identificado pelo G20 é a estagnação da produtividade global. A desaceleração dos ganhos de eficiência é atribuída à fraca acumulação de capital, à incerteza macroeconómica, à redução do investimento público e à insuficiente disseminação tecnológica. A transição digital permanece desigual, e a falta de qualificação laboral trava a absorção de novas tecnologias, especialmente em sectores tradicionais.
O relatório argumenta que reformas estruturais bem desenhadas — que vão desde a melhoria do ambiente de negócios à promoção da inovação, passando pela inclusão no mercado formal e pelo reforço institucional — são essenciais para reactivar o potencial de crescimento de longo prazo.
Inclusão Social Como Pilar De Estabilidade E Crescimento Sustentado
O G20 chama atenção para o aprofundamento das desigualdades, que se tornaram mais visíveis após a pandemia. A lentidão da recuperação, o impacto da inflação sobre os rendimentos reais e a limitada capacidade redistributiva de muitos Estados têm ampliado vulnerabilidades sociais.
O relatório defende que políticas de inclusão — incluindo sistemas de protecção social robustos, acesso equitativo à educação e promoção de emprego de qualidade — não apenas reduzem desigualdades, mas também reforçam a resiliência macroeconómica e estimulam a procura interna, actuando como motores adicionais de crescimento sustentável.
Sistema Financeiro Global Exige Reformas Para Maior Estabilidade
O documento descreve riscos emergentes no sistema financeiro internacional, incluindo a crescente exposição ao endividamento, volatilidade nos fluxos de capitais e vulnerabilidades associadas ao sector financeiro não bancário. Em muitos países, a arquitectura regulatória não evoluiu ao ritmo da inovação financeira, criando riscos de contágio e instabilidade.
O G20 recomenda uma modernização coordenada das regras prudenciais, maior transparência e reforço da supervisão sobre actividades que escapam ao perímetro regulatório tradicional. A estabilidade financeira é vista como condição indispensável para sustentar investimento público e privado de longo prazo.
Cooperação Internacional Como Eixo De Convergência Global
Apesar do ambiente desafiante, o relatório mantém uma mensagem central: sem cooperação internacional reforçada, qualquer estratégia de crescimento será incompleta. O G20 reafirma o compromisso com uma economia global aberta, com sistemas financeiros estáveis e com o apoio às economias mais vulneráveis, através de instrumentos multilaterais mais ágeis, previsíveis e inclusivos.
Fonte: O Económico






