Resumo
Os megaprojetos de gás natural em Cabo Delgado estão de volta, com a ExxonMobil a levantar a declaração de "força maior" no projeto Rovuma LNG em novembro de 2025. Esta ação abre caminho para uma decisão final de investimento em 2026, trazendo expectativas de crescimento económico. No entanto, surgem dúvidas sobre quem irá realmente beneficiar desta riqueza e se a prosperidade será distribuída de forma equitativa. O atraso dos projetos foi causado pela insegurança em Cabo Delgado, afetando comunidades locais e investimentos. É crucial garantir segurança, reconstruir vidas e assegurar que as receitas do gás beneficiem a população, evitando a concentração de riqueza. A dimensão ambiental e social também deve ser considerada, com a necessidade de salvaguardas, transparência e participação das comunidades para evitar injustiças e impactos negativos.
Os megaprojetos de gás natural em Cabo Delgado voltam a ocupar o centro das expectativas nacionais. A recente retoma das operações traz promessas de grande crescimento económico, mas também reacende uma dúvidas: Quem irá beneficiar realmente desta riqueza?
A ExxonMobil levantou, em 20 de novembro de 2025, a declaração de “força maior” no projecto Rovuma LNG, abrindo espaço para uma decisão final de investimento já em 2026.
A notícia foi recebida com entusiasmo por sectores que veem no gás uma oportunidade para diversificar as receitas do país e impulsionar o desenvolvimento. Mas, ao mesmo tempo, questiona-se se esta prosperidade será distribuída ou concentrada.
O atraso dos projetos não foi apenas uma questão económica, foi consequência directa da insegurança em Cabo Delgado, que atingiu duramente comunidades locais e interrompeu investimentos.
Retomar o processo implica garantir segurança e reconstruir vidas que ficaram à margem das grandes decisões, não apenas recuperar a confiança dos investidores.
O gás pode tornar-se o motor da economia, mas também um ponto de fragilidade num mercado global altamente instável. Em tempos de transição energética mundial, apostar tudo num só sector pode comprometer o futuro.
Outro risco é a desigualdade, a história do país com recursos naturais já mostrou que crescimento económico nem sempre significa benefícios para a população. Sem uma estratégia clara para que as receitas cheguem aos cidadãos, em serviços públicos, empregos locais e melhoria da qualidade de vida, a exploração pode aprofundar injustiças já existentes.
A dimensão ambiental e social também não pode ser ignorada. Terras comunitárias, pescas e modos de vida estão em jogo. Garantir salvaguardas, transparência e participação das comunidades é tão importante quanto garantir retorno financeiro.
Se os projectos servirem para fortalecer apenas uma minoria, o país terá perdido mais uma oportunidade histórica. Mas, se forem guiados por políticas inclusivas e responsabilidade social, podem transformar realidades e reduzir desigualdades.
A riqueza do subsolo não pode continuar distante da vida das pessoas que habitam à superfície. O desenvolvimento só será verdadeiro quando for cole






