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A audiência entre o Presidente da República, Daniel Chapo, e o CEO da ENI, Claudio Descalzi, reafirmou os compromissos estratégicos entre Moçambique e a multinacional italiana, numa fase em que o projecto Coral Norte avança para a fase de implementação. Combinando gás natural e agricultura sustentável, a ENI projeta uma presença integrada e transformadora no país, com impactos relevantes no crescimento do PIB e na criação de emprego.
A parceria entre Moçambique e a multinacional italiana ENI entrou numa nova fase, com o reforço do compromisso conjunto em torno do projecto Coral Norte e da expansão para o sector da agricultura sustentável. Durante uma audiência no Palácio da Presidência, o Presidente Daniel Chapo e o CEO da ENI, Claudio Descalzi, reafirmaram a estratégia integrada que combina desenvolvimento energético e inclusão produtiva.
O projecto Coral Norte, que obteve a aprovação do seu Plano de Desenvolvimento em Abril deste ano, representa um investimento orçado em 7,2 biliões de dólares e deverá iniciar operações no segundo trimestre de 2028. A unidade flutuante de liquefacção de gás (FLNG) será instalada a cerca de 10 quilómetros do Coral Sul — projecto já em operação e que, em 2023, foi responsável por 50% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). As projecções indicam que, em 2024, o Coral Sul poderá contribuir com até 70% do crescimento económico do país.
“Coral Norte é agora uma realidade. Com todos os termos acordados com o Governo, iniciamos a preparação para a fase de implementação”, afirmou Descalzi, sublinhando que o novo projecto terá uma capacidade de produção anual de 3,5 milhões de toneladas de Gás Natural Liquefeito (GNL), numa concessão com horizonte de operação de 30 anos.
Apesar da importância económica do gás natural, o CEO da ENI reconheceu os seus limites em termos de criação de emprego directo. “O desenvolvimento do gás é capital intensivo — emprega entre mil e duas mil pessoas em empregos altamente especializados. É por isso que apostamos também na agricultura”, explicou Descalzi.
Neste sentido, a ENI pretende desenvolver, em Moçambique, um projecto agrícola sustentável, voltado para a produção de biocombustíveis, com base em modelos já aplicados em países como Costa do Marfim, Angola, Congo, Argélia, Líbia e Egipto. A iniciativa poderá abranger uma área inicial de 150 mil hectares, com capacidade para gerar 130 mil toneladas de produção agrícola por ano e criar mais de 120 mil empregos.
Durante a reunião, o Presidente Chapo mostrou-se receptivo à abordagem dual da ENI, salientando que os projectos energéticos devem caminhar lado a lado com iniciativas que garantam emprego massivo e desenvolvimento rural. “As duas pernas de Moçambique são o gás e a agricultura”, reforçou Descalzi. “É com essas duas forças que o país poderá não apenas andar, mas correr”.
A ENI reafirmou ainda o seu envolvimento em iniciativas complementares, como os programas de compensação de carbono (REDD+) e o programa “Cozinha Limpa”, que promove o uso de tecnologias energéticas mais eficientes e sustentáveis.
Com este reposicionamento estratégico, a multinacional italiana deixa clara a sua intenção de ser mais do que um operador de gás — assumindo-se como um parceiro de desenvolvimento para Moçambique, num momento em que o país procura consolidar os ganhos da exploração de recursos naturais e diversificar a base económica.
Fonte: O Económico