O alerta foi feito pelo coordenador especial adjunto da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Ramiz Alakbarov, em reunião do Conselho de Segurança, nesta quarta-feira.
“Piores medos se tornando realidade”
Falando de Jerusalém, ele afirmou que a situação no Território Palestino continua se deteriorando a “níveis nunca vistos na história recente”.
Após uma visita recente a Gaza, o representante da ONU disse que o local está “afundando cada vez mais em um desastre”. Segundo ele, a crise é marcada pelo rápido aumento de vítimas civis, deslocamentos em massa e fome, “sem que o conflito tenha um fim à vista”.
Para Alakbarov, os palestinos “estão vendo seus piores medos se tornarem realidade”, após o anúncio da decisão de Israel de tomar a Cidade de Gaza, em uma operação militar ainda em andamento.
Ele relatou que os ataques militares israelenses se intensificaram em toda a Faixa de Gaza, atingindo tendas que abrigam pessoas deslocadas, escolas, hospitais e prédios residenciais.

Riscos à segurança são extremamente altos
O coordenador especial afirmou que embora a ONU e seus parceiros trabalhem incansavelmente, “os riscos à segurança são extremamente altos, e as atuais medidas de mitigação são lamentavelmente insuficientes”.
Desde 23 de julho, pelo menos 2.553 palestinos foram mortos, segundo as autoridades de saúde locais. Desse número, 271 teriam perdido a vida tentando coletar ajuda, inclusive nas proximidades de locais de distribuição militarizados.
Além disso, mais de 240 jornalistas foram mortos desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023, após o movimento Hamas atacar Israel matando mais de 1,2 mil pessoas e sequestrando centenas.
O alto funcionário da ONU também visitou comunidades israelenses afetadas e se encontrou com sobreviventes e familiares de alguns dos reféns.
Encontro com sobreviventes e familiares de reféns
Alakbarov visitou as casas destruídas de Nir Oz, onde um em cada quatro moradores foi assassinado ou sequestrado e conheceu sobreviventes que “carregam perdas e traumas insuportáveis”.
Cerca de 50 pessoas, incluindo uma mulher, ainda estão detidas pelo Hamas e outros grupos armados palestinos em Gaza, e acredita-se que 28 já morreram.
O coordenador especial disse que vídeos divulgados pelo Hamas e pela Jihad Palestina mostrando reféns israelenses foram “profundamente perturbadores”. Nas imagens, os reféns aparecem sendo maltratados e abusados. Para ele, isto é uma violação flagrante do direito internacional.
A sessão no Conselho de Segurança contou ainda com a participação da secretária-geral assistente da ONU para Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, da diretora executiva da Save the Children International, Inger Ashing, e de Ilana Gritzewsky, uma israelense ex-refém do Hamas, em Gaza.
Fonte: ONU