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A multinacional britânica Gemfields está prestes a concluir a construção de uma nova unidade de processamento de rubis na sua concessão de Montepuez, província de Cabo Delgado, Moçambique. O projecto irá triplicar a capacidade actual da mina e é apontado como decisivo para consolidar a posição de Moçambique como um dos maiores produtores mundiais de rubis.
Apesar de ter enfrentado desafios logísticos e operacionais significativos, a Gemfields confirmou que a construção da sua segunda unidade de processamento de rubis (PP2) em Montepuez encontra-se dentro do cronograma, prevendo-se a sua conclusão ainda no primeiro semestre de 2025. A infraestrutura irá aumentar a capacidade de processamento de 200 para 600 toneladas por hora, permitindo assim processar o vasto stock de minério bruto acumulado – estimado em 1,48 milhões de toneladas – e melhorar a eficiência de extracção de rubis de diferentes tamanhos e tonalidades.
Segundo a empresa, a parceria com a sul-africana Consulmet África foi determinante para superar obstáculos técnicos, logísticos e de segurança. Esta expansão vai permitir também explorar áreas até agora inactivas dentro da concessão de MRM, uma vez que apenas uma pequena parte da licença total foi, até hoje, efectivamente explorada.
Contudo, a Gemfields reconhece que a produção recente tem sido afectada pela variabilidade geológica da região, que condiciona a qualidade e o volume dos rubis extraídos. A nova unidade poderá mitigar estas oscilações, ao permitir o processamento de maiores volumes de minério com eficiência acrescida.
Paralelamente aos desafios técnicos, a operação em Montepuez enfrenta riscos de segurança acentuados. A instabilidade no norte de Moçambique e a actividade de redes organizadas de garimpeiros ilegais agravaram-se desde o último trimestre de 2024, especialmente após o período eleitoral. Registaram-se invasões em larga escala, incluindo casos de ocupação de poços activos, ameaças a operacionais e riscos físicos para todos os envolvidos.
Em resposta, foi levada a cabo uma operação multi-agências em Abril de 2025, que reduziu significativamente o número de intrusões. A empresa reforçou as suas medidas de segurança com patrulhas mistas (polícia, exército, seguranças privados e membros da comunidade treinados), vigilância por drones, monitoria de inteligência no terreno e colaboração estreita com as autoridades locais, distritais e nacionais.
A Gemfields sublinha ainda o seu compromisso com os Princípios Voluntários de Segurança e Direitos Humanos, providenciando formação específica às equipas envolvidas na protecção da concessão.
A companhia afirma estar a intensificar os esforços junto do Governo para o combate a redes criminosas que financiam e operam o comércio ilegal de rubis, considerando a actividade garimpeira ilegal uma ameaça não só à sua operação, mas também à integridade social e económica da região.
Fonte: O Económico
