Governo Garante Energia à Mozal, Mas Futuro da Fundição Continua Cercado de Incertezas

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O Governo de Moçambique garantiu que a fundição de alumínio Mozal continuará a ter fornecimento de energia eléctrica suficiente, com a Electricidade de Moçambique (EDM) a assumir o papel de fornecedora a partir de 2026. Apesar disso, persistem incertezas quanto à tarifa e à capacidade de geração da HCB, o que leva a South32 a considerar uma despesa por imparidade e a rever as metas de produção para o próximo exercício fiscal.

Em declarações prestadas à imprensa após a 25.ª sessão do Conselho de Ministros, o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, foi categórico:

“É de nosso interesse que a Mozal continue a ter energia suficiente. E também é nosso interesse que quem fornece essa energia passe a ser a EDM.”

O contrato actual de fornecimento de energia entre a Mozal e a sul-africana Eskom — que adquire energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) — expira em Março de 2026. A Mozal manifesta há seis anos o desejo de contratar directamente a HCB, a um preço economicamente viável. No entanto, até à data, não foi possível chegar a acordo sobre uma tarifa acessível.

Incertezas Climáticas e Contabilísticas

O cenário torna-se mais crítico face à redução da capacidade de geração da HCB, afectada pela seca que atinge a África Austral. A própria HCB reconheceu, recentemente, que a escassez hídrica continua a comprometer a sua capacidade de fornecimento à Mozal.

Esta incerteza levou a South32, accionista maioritária da Mozal (63,7%), a emitir um comunicado no qual admite que está a avaliar o valor contabilístico da fundição, face à possibilidade de não conseguir operar para além de Março de 2026.

“Esperamos reconhecer uma despesa por imparidade nos resultados do exercício de 2025”, refere a nota da empresa. O montante da imparidade será anunciado quando a avaliação estiver concluída.

EDM Como Nova Fornecedora: Solução Viável?

Apesar da intenção política clara do Governo de colocar a EDM como fornecedora directa de energia à Mozal, a operação requer negociações complexas, incluindo a definição do tarifário, o modelo de intermediação com a HCB e a garantia de disponibilidade efectiva de energia.

A Mozal já expressou desconforto com a morosidade na rescisão formal com a Eskom e exige celeridade e previsibilidade nas decisões energéticas — fundamentais para manter a sua operação, que emprega milhares de moçambicanos e é uma das principais fontes de exportações e receitas fiscais para o país.

O Governo tenta assegurar confiança e continuidade no fornecimento de energia à Mozal, mas a realidade climática e contratual continua a gerar instabilidade. A possível transição para a EDM e a resolução da tarifa com a HCB são decisivas para evitar que a fundição — símbolo da industrialização moçambicana — entre numa trajectória de retração. O tempo político e o tempo operacional precisam, agora, de alinhar-se.

Fonte: O Económico

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