O ensino técnico-profissional em Moçambique está a viver um dos seus momentos de maior expansão desde a independência, com um crescimento do número de formandos em mais de 200% entre 2017 e 2025, tendo saído de 38 mil para mais de 122 mil estudantes matriculados.
O primeiro Encontro Nacional da Educação Profissional, que decorreu sob o lema “Por uma Educação Profissional de Qualidade, Relevante e Inclusiva que Responde às Exigências do Mercado de Trabalho”, marcou igualmente o lançamento do processo de elaboração da Estratégia de Ensino Técnico-Profissional 2026–2035, um documento que define metas para a próxima década.
A ministra da Educação e Cultura, Samaria Tovela, destacou o papel da expansão da rede de instituições como pilar central do crescimento do número de estudantes neste ensino.
“Tomando como referência o ano 2017, ano de elaboração da Estratégia do Ensino Técnico-Profissional (2018–2014) a rede de instituições o ensino técnico profissional era composta por um universo de 171 instituições, distribuídas em 68 públicas, 38 mistas e 65 privadas. Actualmente, a rede é composta por um universo de 264 institutos, o que representa um crescimento na ordem de 54,4%. Do universo dos institutos em funcionamento, temos 76 públicos, 29 mistos e 159 privados. O universo de formandos em 2017 foi de 38 715, contra os actuais 122 213 formandos, um crescimento exponencial em oito anos acima de 100%. Este resultado é fruto da expansão da rede de instituições do ensino técnico-profissional, através do investimento do sector privado e do Governo pela construção, reabilitação ou requalificação, acompanhada do apetrechamento de institutos”, disse Tovela.
Dentre os objectivos definidos na nova estratégia até 2029, destacam-se o aumento da taxa de escolarização bruta e a acreditação de 100% das instituições do ensino técnico-profissional.
A ministra da Educação aponta que “a nossa visão é contribuir no aumento dos níveis de acesso, elevando consequentemente a taxa bruta de escolarização no ensino técnico-profissional, dos actuais 8,2% para 11% acreditadas e a taxa da rapariga das áreas Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática de 23,6% para 32% até 2029 e ainda elevar até 100% o número de instituições do ensino técnico-profissional”.
A qualidade do ensino também tem merecido atenção. Actualmente, o sector conta com 7448 formadores, dos quais 2284 (30,6%) são mulheres.
No primeiro semestre de 2025, o Ministério da Educação e Cultura capacitou 151 gestores (Certificado A – Gestão de Instituições), 454 formadores pedagógicos (Certificado B – Prática docente) e 185 técnicos em áreas tecnológicas, alinhados com os padrões de competência internacional
Estas formações visam reforçar a sustentabilidade e a eficácia pedagógica do ensino técnico, sobretudo num contexto em que a empregabilidade se torna um dos indicadores-chave do sucesso do sector.
Em paralelo com o crescimento, o sector enfrenta o desafio da regulação. Em entrevista ao “O País”, a directora-adjunta nacional da Educação Profissional, Alexandrina Novel, revelou que o Governo irá, dentro de um mês, tornar pública a lista de instituições de ensino técnico-profissional que operam de forma irregular.
Em 2025, foram emitidos mais de 63 mil certificados, beneficiando 26 695 graduados, muitos dos quais já se encontram integrados em programas de inserção no mercado de trabalho, estágios e empreendedorismo jovem.
Com este ritmo de crescimento, o Governo acredita que o ensino técnico-profissional poderá consolidar-se como uma alternativa viável e atractiva ao ensino geral, particularmente nas regiões rurais e nos sectores com maior potencial económico, como agricultura, energia, mineração, tecnologias e construção civil.
Fonte: O País