Governo vai rever abordagem de desenvolvimento para um modelo capaz de, romper com ciclos de crise, criar maior resiliência e acelerar crescimento sustentável

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O Governo está a redefinir a sua abordagem de desenvolvimento económico com a criação do Ministério da Planificação e Desenvolvimento, um passo estratégico para reforçar a capacidade de coordenação e monitoria da governação. A nova estrutura tem o objectivo de fortalecer a eficiência da planificação, garantir maior coerência nas decisões económicas e impulsionar investimentos estratégicos.

Em entrevista ao programa Cartas na Mesa, da Rádio Moçambique, o Ministro Salim Valá destacou o papel central do novo ministério e a necessidade de estruturar o desenvolvimento com base em quatro pilares fundamentais: agricultura e pecuária, indústria transformadora, indústria extractiva e energética, e turismo de alto valor. O objectivo é diversificar a economia, reduzir a dependência da exportação de matérias-primas e criar maior valor agregado dentro do País.

Um ministério para coordenar o futuro económico

O Ministério da Planificação e Desenvolvimento foi concebido para desempenhar um papel central na definição e implementação das políticas económicas de longo prazo. Além de coordenar instrumentos como o Plano Quinquenal 2025-2029 e o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE), a nova entidade será responsável pela monitoria da acção governativa e pela afectação eficiente dos recursos públicos.

Segundo Salim Valá, a criação deste ministério responde à necessidade de melhorar a articulação entre o sector público e o privado, promovendo um ambiente mais favorável ao investimento produtivo. O Ministro reforçou que, para Moçambique se tornar um destino atractivo para investidores, é essencial garantir previsibilidade económica, regras claras para o mercado e uma estratégia de crescimento sustentável.

Além disso, o novo Ministério desempenhará um papel indutor e articulador, incentivando o uso sustentável dos recursos nacionais, a inovação e o fortalecimento da competitividade empresarial.

Os desafios estruturais do crescimento 

Apesar da nova abordagem de desenvolvimento, Moçambique continua a enfrentar desafios estruturais profundos que precisam de ser resolvidos para que o crescimento seja sustentável e inclusivo. A vulnerabilidade a choques externos e internos e o défice de poupança interna são dois dos principais obstáculos que limitam o potencial da economia.

A instabilidade económica global, as flutuações nos preços das matérias-primas e os efeitos das mudanças climáticas impactam significativamente a trajectória do País. Ciclones, secas e crises energéticas afectam a produção e exigem resiliência económica e social para minimizar os impactos negativos.

Além disso, Moçambique tem uma baixa taxa de poupança interna, o que reduz a sua capacidade de financiar o próprio crescimento sem depender excessivamente de capital estrangeiro. Essa limitação obriga o país a procurar financiamento externo para grandes projectos, muitas vezes com condições desfavoráveis e riscos elevados.

Industrialização e diversificação como motores do crescimento

A estratégia do governo deverá assentar em quatro sectores fundamentais para impulsionar o crescimento económico: agricultura e pecuária, indústria transformadora, indústria extractiva e turismo de alto valor.

O Ministro reconhece que a economia moçambicana ainda é altamente dependente do sector primário, exportando recursos sem agregação de valor. A aposta na industrialização pretende inverter essa tendência, permitindo que Moçambique processe os seus recursos internamente, gere mais empregos e fortaleça a economia local.

O turismo, por sua vez, é identificado como um sector com potencial inexplorado para atrair divisas e investimentos. Moçambique tem uma localização privilegiada e vastas riquezas naturais que podem posicionar o país como um dos destinos turísticos mais competitivos da região.

“O crescimento económico sustentável exige um modelo mais robusto e diversificado. Precisamos de romper com a excessiva dependência da exportação de matérias-primas e criar cadeias de valor internas que promovam emprego e inovação”, afirmou Salim Valá.

Um novo caminho para a economia moçambicana

A reestruturação do planeamento económico e a adopção de uma estratégia de crescimento baseada na diversificação e industrialização são essenciais para que Moçambique possa romper com ciclos de instabilidade e alcançar um crescimento sustentável a longo prazo.

O sucesso desse modelo dependerá da capacidade do governo em implementar reformas eficazes, atrair investimentos estratégicos e garantir maior eficiência na alocação de recursos públicos. A consolidação desses objectivos será determinante para tornar a economia mais resiliente e menos vulnerável a choques externos.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Nos próximos momentos, será analisada a abordagem do governo para infra-estruturas, digitalização e financiamento ao desenvolvimento, que são pilares complementares para garantir a estabilidade económica e o progresso do país.

Fonte: O Económico

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