Por: Gentil Abel
Ao longo de quase uma década da guerra em Cabo Delgado, ainda não existem soluções claras para o seu término. O conflito, alimentado por grupos armados, tem causado deslocamento massivo de populações, destruição de infra-estruturas e um elevado número de vítimas mortas. O mais alarmante é que, até ao momento, não existe uma ponte de comunicação efectiva entre os terroristas e o governo, tornando o diálogo praticamente inexistente e dificultando qualquer avanço na resolução pacífica do conflito.
E algumas soluções que podem ser viáveis neste momento, incluem a criação de canais de negociação mediada por organismos internacionais ou regionais, como a SADC e a ONU, que poderiam facilitar acordos de cessar-fogo e a eventual reintegração de combatentes arrependidos. Mas, esse facto entra em causa quando os insurgentes não apresentam, de forma clara, os reais objectivos ou motivos da guerra, dificultando, assim, qualquer possibilidade de negociação.
E ao longo destes anos nota-se que o combate militar, apesar de reduzir temporariamente as capacidades operacionais dos grupos armados, não resolve as causas profundas da violência, e está guerra em Cabo Delgado continua a desafiar seriamente o Estado Moçambicano.
E neste momento, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), até janeiro de 2025, mais de 716.000 pessoas foram deslocadas internamente devido à violência. Estes números evidenciam a dimensão humanitária do conflito, que inclui destruição de casas, escolas, centros de saúde, sistemas de abastecimento de água, decapitações e outros abusos graves, incluindo violência sexual.
Por fim, sem uma abordagem integrada, que combine segurança e diálogo, o risco de perpetuação do conflito permanece elevado. Pois, a urgência de soluções claras é inegável: e só com a conjugação de esforços internos e internacionais será possível transformar a região de um cenário de conflito prolongado para um caminho de paz e estabilidade duradoura.