Resumo
O World Energy Outlook 2025 da Agência Internacional de Energia alerta para pressões sem precedentes sobre combustíveis fósseis, minerais críticos, infraestruturas elétricas e cadeias tecnológicas. A diversificação urgente e a cooperação internacional são necessárias para lidar com os riscos energéticos em escala inédita, que vão desde a segurança no abastecimento de petróleo e gás até às fragilidades das cadeias de minerais críticos e infraestruturas digitais. A resposta global requer uma rápida diversificação, investimentos maciços e cooperação sem precedentes. A segurança energética agora abrange eletricidade, minerais críticos, tecnologias avançadas e infraestruturas digitais, aumentando as tensões geopolíticas. Apesar dos compromissos climáticos e do crescimento das renováveis, a procura global de energia continua a aumentar, impulsionada por vários setores, com economias emergentes desempenhando um papel central.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A edição 2025 do World Energy Outlook revela um cenário de pressões inéditas sobre combustíveis fósseis, minerais críticos, infra-estruturas de electricidade e cadeias tecnológicas, exigindo diversificação urgente e cooperação internacional reforçada.
O World Energy Outlook 2025 revela um mundo confrontado com riscos energéticos em escala inédita. Da segurança no abastecimento de petróleo e gás às fragilidades das cadeias de minerais críticos, passando pela pressão crescente sobre redes eléctricas e infra-estruturas digitais, a Agência Internacional de Energia (IEA) alerta que a resposta global exigirá uma combinação de diversificação rápida, investimentos maciços e cooperação internacional sem precedentes.
Desenvolvimento
Riscos energéticos multiplicam-se e intensificam tensões geopolíticas
Segundo a IEA, a segurança energética deixou de depender apenas do equilíbrio entre oferta e procura de petróleo e gás. Hoje, as vulnerabilidades abrangem electricidade, cadeias de minerais críticos, tecnologias avançadas, sistemas de dados e infra-estruturas digitais. A energia voltou a ocupar o “centro da política económica e de segurança nacional”, num ambiente onde as tensões geopolíticas aumentam a incerteza e elevam os riscos de choque sistémico.
Um mundo com fome crescente de energia e serviços digitais
Apesar dos compromissos climáticos e da expansão das renováveis, a procura global de energia continua a crescer de forma significativa. A IEA destaca factores que impulsionarão a procura nas próximas décadas: mobilidade, climatização, iluminação, digitalização e, cada vez mais, serviços intensivos em dados e Inteligência Artificial.
Economias emergentes assumem um papel central neste processo. Índia, Sudeste Asiático, Médio Oriente, África e América Latina tornam-se protagonistas na dinâmica dos mercados energéticos, substituindo parcialmente o papel dominante da China na última década.
Minerais críticos tornam-se novo epicentro da vulnerabilidade global
Uma das maiores ameaças identificadas pelo relatório é a elevada concentração geográfica do refino de minerais críticos. Um único país detém cerca de 70% da capacidade de refinação de 19 dos 20 minerais estratégicos para energia, incluindo lítio, cobalto, níquel e terras-raras.
Estes minerais são essenciais não apenas para redes eléctricas, baterias e veículos eléctricos, mas também para chips de IA, motores aeronáuticos, sistemas de defesa e tecnologias emergentes. A IEA alerta que reverter esta concentração será um processo lento e exigirá acção governamental coordenada.
A idade da electricidade já chegou — impulsionada pela IA
A IEA declara que “a Idade da Electricidade já chegou”. A electricidade representa apenas 20% do consumo final, mas é o principal vector energético para sectores que representam mais de 40% da economia global.
O crescimento explosivo dos data centres e da Inteligência Artificial transformou o panorama energético. O investimento global em data centres atingirá 580 mil milhões de dólares em 2025, ultrapassando o investimento total em abastecimento petrolífero (540 mil milhões).
Fatih Birol sintetiza: “Quem dizia que ‘os dados são o novo petróleo’ tem agora provas numéricas.”
Grelhas eléctricas tornam-se o novo ponto crítico de segurança
A transição acelerada exige redes eléctricas mais robustas, flexíveis e extensas. Porém, enquanto o investimento em geração eléctrica cresceu 70% desde 2015, o investimento em redes cresceu a menos de metade desse ritmo.
Para Birol, este descompasso constitui “um dos riscos mais imediatos à segurança energética global”, tanto devido à variabilidade das renováveis como ao aumento da procura digital.
Solar domina novo mapa energético e nuclear regressa ao centro
O WEO-2025 mostra que as renováveis, lideradas pelo solar fotovoltaico, são a fonte de energia que mais cresce em todos os cenários. Até 2035, 80% do crescimento global do consumo de energia ocorrerá em regiões com forte incidência solar.
Paralelamente, a energia nuclear regista uma recuperação notável, após duas décadas de estagnação. A capacidade instalada global aumentará pelo menos um terço até 2035, impulsionada quer por grandes centrais, quer por pequenos reactores modulares (SMRs).
Petróleo e gás: oferta abundante a curto prazo, mas riscos persistem
Apesar da instabilidade geopolítica, o relatório aponta para oferta abundante de petróleo e gás no curto prazo. O preço do petróleo mantém-se no intervalo 60-65 USD/barril, e uma onda de novos projectos de GNL poderá aumentar a oferta global em mais de 50% até 2030.
Metade desta nova capacidade está a ser construída nos EUA e cerca de 20% no Qatar. No entanto, apesar da oferta folgada, Birol alerta que “não há espaço para complacência”, devido ao risco de reaceleração da procura ou de choques geopolíticos.
Metas globais em risco: acesso universal e clima
Em dois pilares fundamentais, o mundo está a falhar:
A IEA apresenta um novo cenário para universalizar o acesso à electricidade até 2035 e à cozinha limpa até 2040, mas reconhece que a trajectória actual está muito aquém do necessário.
Fonte: O Económico






