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Investimento Global em Energia Atingirá 3,3 Biliões de Dólares em 2025, Mas África Continua a Margem da Transição

Questões-Chave:

Apesar do impulso global pela transição energética e da expansão acelerada das tecnologias limpas, o novo relatório da Agência Internacional de Energia revela uma distribuição profundamente assimétrica dos investimentos mundiais. A previsão de 3,3 biliões de dólares em 2025, embora histórica, exclui muitas economias em desenvolvimento, sobretudo em África, alertando para um risco estrutural crescente de exclusão energética global.

A Nova Geografia do Investimento Energético: Do Petróleo ao Silício

Pela primeira vez na história, o investimento global em electricidade (geração, armazenamento, redes) supera em mais de 50% o montante investido em petróleo, gás e carvão combinados. Esta inversão marca, segundo a AIE, “o início da nova Era da Electricidade”.

As tecnologias limpas — incluindo solar, eólica, nuclear, hidrogénio de baixo carbono, eficiência energética e electrificação — concentram dois terços do total investido, reflectindo uma transição impulsionada por três motores principais:

Solar e Baterias: O Centro da Revolução Energética

O solar fotovoltaico destaca-se como o maior receptor de capital em 2025, com 450 mil milhões de dólares, superando qualquer outro segmento energético. A par disso, os investimentos em armazenamento por baterias ultrapassam os 65 mil milhões, num esforço para garantir flexibilidade e estabilidade aos sistemas eléctricos baseados em renováveis.

A AIE alerta, contudo, que as redes eléctricas — elemento vital da transição — estão a ser negligenciadas: com apenas 400 mil milhões de dólares investidos anualmente, as infra-estruturas de transmissão e distribuição estão a ficar para trás. Permissões lentas, custos crescentes de transformadores e escassez de cabos constituem entraves críticos.

China à Frente, África em Retrocesso

Enquanto a China representa quase 33% do investimento global em energia limpa, o continente africano absorve apenas 2%. Esta discrepância acentua-se mesmo quando se considera que a África representa 20% da população mundial e regista o maior crescimento demográfico e de procura energética.

Entre 2015 e 2025, o investimento total em energia no continente caiu um terço, devido ao colapso nos projectos fósseis e ao fraco desempenho na mobilização de capital privado para renováveis. A AIE reconhece que, sem um reforço substancial do financiamento público internacional e mecanismos de mitigação de risco, os países africanos continuarão a ser deixados para trás.

Moçambique e a SADC: Urgência de Estratégias Activas

Moçambique, com abundantes recursos solares, hídricos e gás natural, encontra-se numa posição estratégica para atrair investimentos no duplo eixo da transição: exportação de gás a curto prazo e penetração progressiva de renováveis e redes inteligentes. No entanto, enfrenta os mesmos obstáculos apontados no relatório:

O lançamento recente do leilão de renováveis RENMOZ e os investimentos em interligações regionais são sinais positivos, mas o relatório da AIE exige que os países da SADC adoptem políticas nacionais de atracção de capital climático, estruturas de parcerias público-privadas robustas e quadros de planeamento energético de longo prazo.

O Que Está em Jogo?

“Sem uma reorientação deliberada do financiamento internacional e dos mercados de capitais, o fosso entre economias energéticas avançadas e atrasadas vai aumentar perigosamente”, alerta a AIE.

O risco não é apenas energético, mas geopolítico e social: falta de acesso à energia pode limitar o crescimento económico, agravar tensões migratórias e aumentar a instabilidade em regiões já vulneráveis.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O investimento recorde de 3,3 biliões de dólares em energia em 2025 deve ser lido com cautela: não é a quantidade que está em causa, mas a sua distribuição e impacto transformador. Para África e Moçambique, o desafio é claro: entrar nesta nova era energética como protagonistas, não como espectadores.

Fonte: O Económico

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