Jorge Ferrão denuncia aumento do analfabetismo funcional no país

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O reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, Jorge Ferrão, fez duras críticas ao estado actual do sistema de ensino em Moçambique, alertando para um declínio contínuo na qualidade da educação, apesar dos avanços aparentes em termos de acesso e estatísticas de alfabetização.

Convidado a intervir num debate sobre a melhoria dos serviços públicos, Jorge Ferrão afirmou que, embora o país apresente indicadores que sugerem progressos na alfabetização, na prática, o número de analfabetos continua elevado. Acrescentando que o país está a investir no que classificou de “analfabetismo funcional”, ou seja, uma situação em que as pessoas sabem ler e escrever, mas não compreendem nem aplicam esses conhecimentos na vida quotidiana.

Para o reitor da UP-Maputo, a solução começa na base, com a criação de escolas de infância em todos os distritos.“Então, a minha proposta era que cada distrito se organizasse para fazer as pequenas escolas de infância para termos estudantes de qualidade”, garantiu Ferrão. 

Ainda assim, segundo sublinhou, este processo “não vai custar nenhum dinheiro a ninguém. As famílias têm vontade de ter um filho bem-educado. Bom, são ideias, e teremos sempre de pensar que é possível mudarmos a base estrutural sem precisar de correr atrás, nem de donativos, nem de doações, nem de subvenções e muito menos de orçamentos estabilizados”.

O académico foi mais longe ao abordar a necessidade de reformas estruturais na forma como o país gere os seus recursos e toma decisões políticas. Numa crítica directa à classe política, apelou aos deputados da Assembleia da República para que abandonem as cores partidárias e priorizem o bem comum.

“É preciso colocar o interesse nacional acima dos interesses partidários, algo que não acontece há 30 anos”, lamentou.

O académico reconheceu ainda que há uma captura crescente dos recursos públicos por interesses privados, o que mina os esforços de desenvolvimento. “Moçambique e o mundo vivem um reposicionamento geracional. Temos de reflectir seriamente sobre o país que queremos e o legado para as próximas gerações”, concluiu.

Fonte: O País

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