Por: Gentil Abel
A companhia aérea estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) enfrenta mais um episódio de crise interna. A empresa anunciou a suspensão imediata de cinco altos funcionários, entre eles, o diretor financeiro e o diretor jurídico, após a identificação de um esquema de desvio de fundos públicos que totaliza cerca de 48 milhões de meticais, o equivalente a 750 mil dólares norte-americanos.
A decisão, comunicada oficialmente pela administração, decorre de uma auditoria interna que revelou graves irregularidades em contractos relacionados à tradução de documentos e à elaboração de pareceres jurídicos. Como consequência, o caso gerou forte indignação pública e pressões por uma investigação mais ampla, que possa responsabilizar todos os envolvidos.
De acordo com as conclusões preliminares da auditoria, o esquema funcionava através de uma empresa fantasma criada por funcionários da própria LAM. Essa entidade simulava a prestação de serviços de tradução e consultoria jurídica, cobrando valores significativamente inflacionados. Na prática, o trabalho era executado por um tradutor juramentado por uma fração do montante pago. Posteriormente, eram emitidas facturas falsas, o que permitia o superfacturamento e o consequente desvio dos recursos.
Inicialmente, estimava-se que as perdas giravam em torno de 1,8 milhão de meticais. Contudo, com o avanço das investigações, descobriu-se que o prejuízo real era muito maior, alcançando os 48 milhões de meticais agora confirmados.
Entretanto, este não é um caso isolado. A LAM já vinha enfrentando dificuldades financeiras significativas, incluindo prejuízos de três milhões de dólares atribuídos a desvios anteriores e dívidas acumuladas de 1,2 mil milhão de meticais. Diante desse novo escândalo, a gestão da companhia encontra-se sob intensa pressão pública e institucional, com a necessidade urgente de recuperar a confiança do Estado e dos cidadãos moçambicanos.






