O Presidente da República, Daniel Chapo, lançou esta sexta-feira, 28/03, na cidade de Nampula, o Fundo de Recuperação Empresarial, com um valor inicial de cinco milhões de dólares norte-americanos (cerca de 320 milhões de meticais), numa iniciativa que visa apoiar as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) afectadas por choques climáticos e manifestações violentas ocorridas nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Tete.
A cerimónia ficou igualmente marcada pela entrega simbólica de cheques a 26 empresas aprovadas para financiamento no âmbito da III Edição do Fundo Catalítico para Inovação e Demonstração, no valor global de 15 milhões de dólares. Estes dois instrumentos integram o Projecto de Ligações Económicas para a Diversificação – Conecta Negócios, financiado pelo Banco Mundial e implementado pelo Governo de Moçambique através da Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze.
“Estamos a criar mecanismos concretos para que as nossas MPMEs, sobretudo as lideradas por jovens e mulheres, consigam aceder a financiamento, ligar-se aos megaprojectos e participar da retoma económica do país”, declarou o Presidente Chapo.
Resposta a choques múltiplos e investimento em resiliência
O novo fundo surge como resposta directa aos impactos devastadores dos ciclones Chido, Dikeledi e Jude, e aos distúrbios registados desde Outubro de 2024, que comprometeram gravemente a capacidade produtiva e de empregabilidade nas três províncias prioritárias.
Segundo o Chefe de Estado, as medidas agora adoptadas somam-se a outras já em curso, como o Fundo de Desenvolvimento Económico Local, a Linha de Crédito Bonificada de 10 mil milhões de meticais, e a janela de reestruturação de dívida para empresas afectadas.
Aposta estratégica no conteúdo local
A III Edição do Fundo Catalítico tem como objectivo central fortalecer as ligações entre MPMEs e megaprojectos, posicionando-as como fornecedoras de bens e serviços em sectores estratégicos. O Presidente sublinhou que esta abordagem visa consolidar um modelo de desenvolvimento inclusivo, assente na valorização do conteúdo local, promovendo a industrialização e a competitividade verde.
“É fundamental que os empresários usem os fundos com responsabilidade. Estes recursos não são para comprar viaturas de luxo, mas para implementar os projectos aprovados. O sucesso desta fase será determinante para garantirmos novas edições e mais financiamento”, apelou.
Salvaguardas climáticas e visão de longo prazo
O Governo reforçou ainda a importância de integrar salvaguardas ambientais e sociais nos projectos financiados com recursos públicos, alinhando-se com as melhores práticas internacionais e com a crescente exposição de Moçambique a eventos climáticos extremos.
“A sustentabilidade dos nossos investimentos depende da capacidade de prevenir riscos climáticos e sociais. Queremos projectos resilientes, sustentáveis e com impacto duradouro”, afirmou o Presidente.
Retoma dos megaprojectos do Rovuma como oportunidade económica
No seu discurso, o Presidente da República também anunciou que o Banco de Exportação dos EUA (Exim Bank) aprovou recentemente um financiamento de 4,7 mil milhões de dólares para o projecto da TotalEnergies, o que poderá acelerar a tão aguardada retoma dos megaprojectos na Bacia do Rovuma. Este cenário aumenta a importância de preparar as empresas locais para beneficiar da cadeia de valor associada a esses investimentos.
Com o lançamento do Fundo de Recuperação Empresarial e o reforço do Fundo Catalítico, o Governo procura não só responder a crises recentes, mas também criar um novo modelo de desenvolvimento económico mais inclusivo, resiliente e nacionalmente ancorado. O sucesso desta abordagem dependerá, contudo, da execução rigorosa, da monitoria contínua e da boa gestão dos fundos atribuídos.
Como afirmou o Presidente Chapo: “Não há desenvolvimento possível sem o desenvolvimento do sector privado”.
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Fonte: O Económico
