Há focos de lixo e muita imundície em várias artérias da cidade de Maputo. Munícipes acusam a edilidade de não recolher os resíduos há mais de duas semanas. O Conselho Municipal diz que não recolhe lixo devido à avaria de duas máquinas retroescavadoras usadas para abrir acessos para os camiões entrarem na lixeira de Hulene.
A Cidade de Maputo depara-se com dificuldades na gestão dos resíduos sólidos, o que resulta em acúmulo de lixo.
Não precisa andar muito para perceber que a cidade, sobretudo nas zonas suburbanas, está tomada por lixo. São montes e montes de resíduos que, em alguns casos, chegam a ocupar os passeios e até faixas de rodagem
E os focos são incontáveis: na avenida Vladimir Lenine, entre as praças da OMM e dos combatentes, o lixo não passa despercebido. O mesmo acontece nos bairros de Maxaquene, Hulene, Ferroviário, Inhagoia, Aeroporto, Zimpeto e tantos outros, o que tira sono aos munícipes. Ouvimos a Constância Macamo, moradora do bairro Maxaquene. Queixa-se do cheiro nauseabundo que inala, diariamente.
“Esse lixo nos incomoda, nos incomoda muito, passamos muito mal, não passamos bem. Provoca tudo, mosquitos, moscas, mau cheiro, todas as casas, a gente nem cozinha, quando cozinha devemos meter, nem comemos fora, nós temos varandas, mas não ficamos nas nossas varandas por causa desse lixo aqui”, desabafou a munícipe. O lixo anda aos montes. Em alguns casos condiciona o trânsito.
“Passamos Natal muito mal, isto aqui não dá para nada, lixo assim, não é como nós vermos aqui, sabe, quatro festivos acabaram assim com essa lixeira aqui, não dá. Mais de duas semanas atrás, não recolhiam o lixo, então as pessoas continuam a despejar, mesmo fora dos contentores”, falou Felix Manhiça.
De um lado a Edilidade não recolhe o lixo há mais de duas semanas, de outro, munícipes depositam os resíduos de forma desregrada. Manhiça explica que quando chamam a atenção aos vizinhos que deitam lixo na faixa de rodagem são mal vistos.
“Alguém pode chegar com um carrinho aqui, despejar lixo na estrada de qualquer maneira. Nós tentamos chamar atenção, pedindo para que deixem doutro lado, respondem: onde é que entramos. Nós pagamos o município, por isso este trabalho é deles”.
O passeio central da avenida Julius Nyerere, depois da ponte de Xiquelene, encontra-se ocupado de lixo. Da circular de Maputo…até à entrada do Estádio Nacional do Zimpeto… nenhuma área escapou. Para além do aspecto, o ambiente é pesado.
Edilidade sem acesso a Lixeira de Hulene
A edilidade, que procura minimizar a situação, com abertura de ruas críticas, diz que o lixo não é recolhido por falta de acesso à Lixeira de Hulene, como explicou Sérgio Manhique, Director Municipal de Ambiente e Salubridade.
“Tivemos problemas com equipamento na lixeira do Hulene, as duas bulldozers que abrem os acessos estão avariadas, estão na reparação neste momento. E como deve imaginar, a recolha do lixo é um sistema, temos a parte de recolha, temos a parte do transporte, temos a parte de deposição final. Uma das partes é essa que é o nosso grande constrangimento, que é a deposição, aliado às chuvas, então está completamente difícil termos o acesso de forma regular dentro da lixeira. E isso acaba condicionando a outra parte do sistema, que é a recolha”, disse.
Sérgio Manhique nega que a retirada dos camiões do Município de Chimoio esteja por detrás da situação.
“Foi muito bom termos a ajuda do Chimoio, a qual agradecemos, mas os caminhões foram substituídos. O que está a acontecer neste momento é o tempo de descarga dentro da lixeira. Se levarmos muito tempo para descarregar, os contentores enchem e consequentemente há esta situação que temos no terreno, por causa do tempo de descarga. Os caminhões estão lá perfilados, podem ir verificar, estão perfilados, levam muito tempo para depositar o lixo. Há casos em que não conseguimos, com que os caminhões depositem todos no mesmo dia. Naturalmente que isto vai se refletir no terreno, no processo de recolha. E este momento é um momento crítico que nós temos. Há muita produção de lixo”, concluiu.
“Embora com recursos deficientes para a recolha e gestão de resíduos sólidos, a Edilidade de Maputo promete limpar toda a cidade em duas semanas”.