De leão ou águia ao peito, Marcelo Cipriano entrelaçou o rumo de Benfica e Tirsense na década de ‘90. Este carioca, de 55 anos – nascido para o futebol em Aveiro, pelo Beira-Mar – embalou os jesuítas para o regresso à Liga e brilhou no histórico 8.º lugar conquistado em 1994/95.
Depois de aventuras por Benfica, Espanha e Inglaterra, encerrou a carreira em Coimbra, onde mora desde 2002. Na cidade dos estudantes, completou a licenciatura em engenharia civil, ainda que tenha investido na carreira de agente FIFA.
Antes do reencontro entre Tirsense e Benfica, Marcelo recebeu o Maisfutebol em casa. Consciente das dificuldades superadas enquanto jogador, ambiciona aconselhar os mais novos, como fez com Fábio Vieira, João Mário (FC Porto) e Rodrigo Gomes (Wolves).
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Parte I: «O Tirsense-Benfica aos olhos de Marcelo, goleador de águias e jesuítas na década de 90»
Parte II: «Paulo Bento vai regressar a Portugal para treinar o Benfica ou o Sporting»
Maisfutebol: Terminou a carreira de jogador em 2004. Ficou algo por viver?
Marcelo: Poderia continuar em Inglaterra, foi um erro sair do Birmingham. Sempre tive o sonho de terminar a licenciatura enquanto jogador da Académica, mas vim na época errada. Houve pessoas que agiram de forma errada. Acabei a licenciatura já depois de terminar a carreira. E fiquei a morar em Coimbra, é uma cidade especial. As minhas filhas nasceram em Coimbra, de onde é natural a mãe. A minha companheira está em Coimbra há muitos anos. Tenho muitos amigos e antigos colegas. E, claro, estou perto de Porto e Lisboa.
MF: (…)
MA: Além de ser um objetivo, terminar a licenciatura em engenharia civil permitiu integrar a empresa do meu pai. O plano seria seguir a área, depois de terminar a carreira de jogador. Mas a paixão pelo futebol foi mais forte. Terminei a licenciatura em 2005, entrei na Ordem dos Engenheiros – onde continuo – mas optei por ser agente FIFA. Estou nesta área há quase 20 anos.
MA: Neste momento represento, entre outros, o Rodrigo Gomes, avançado do Wolverhampton, e o Miguel Alves, avançado que bate à porta da equipa principal do Sporting. No passado fizemos um trabalho fantástico com o Fábio Vieira e com o João Mário, no FC Porto, dos 14 aos 21 anos.
MF: Ou seja, é um engenheiro de sonhos.
MA: Sinto-me muito realizado pelo trabalho que consegui junto de jovens como Fábio Vieira, João Mário ou David Carmo. É importante eles contarem com este apoio e acompanhamento. Quanto ao Rodrigo Gomes, trabalhamos com ele desde os 14 anos, foi muito importante ele crescer no Estoril, numa fase em que estava desacreditado no Sp. Braga.
MF: Sente que lhe faltou esse apoio enquanto jogador?
MA: Passos diferentes em determinados momentos teriam feito muita diferença. Faltaram estes conselhos. Fruto da minha experiência enquanto ex-jogador e agente há quase 20 anos, estou na obrigação de ajudar a formar as pessoas, sem querer substituir os pais, treinadores e colegas de equipa.
MF: O futebol feminino é o próximo passo?
MA: Não creio. O mercado português ainda não está preparado.
MF: Qual a palavra que define o seu percurso no futebol?
MA: Resiliência.
Fonte: CNN Portugal