Lançada oficialmente em Nova Iorque durante a cimeira Global Citizen NOW, a Music Economy Development Initiative (MEDI) pretende transformar a música num vector estratégico de desenvolvimento económico, geração de emprego e luta contra a pobreza extrema, especialmente em países africanos e economias emergentes.
A música pode fazer mais do que entreter — pode gerar crescimento económico, criar emprego sustentável e ser um instrumento eficaz no combate à pobreza extrema. É esta a premissa da Music Economy Development Initiative (MEDI), lançada a 30 de Abril de 2025 em Nova Iorque, no âmbito da cimeira Global Citizen NOW.
A iniciativa, conduzida pelo Center for Music Ecosystems em parceria com a Global Citizen, surge como resposta ao facto de mais de 719 milhões de pessoas viverem em pobreza extrema, afectadas por exclusão económica, falta de acesso à educação e sistemas de saúde frágeis. “A música pode inspirar, consolar, unir — mas também pode gerar crescimento económico e criar empregos”, sublinhou Shain Shapiro, director executivo da CME e co-criador da MEDI.
Com o apoio do International Finance Corporation (IFC) — braço do Grupo Banco Mundial para o sector privado — e da Universal Music Group (UMG), a MEDI propõe-se criar uma base empírica robusta para sustentar políticas públicas e investimentos no sector musical. Através da sua plataforma digital www.musiceconomy.org, irá disponibilizar dados e pesquisas económicas sobre ecossistemas musicais em 22 países, promovendo reformas legais, parcerias privadas e acções para o fortalecimento de direitos de autor e infra-estruturas culturais.
A Costa do Marfim e a Nigéria serão os primeiros países a acolher projectos-piloto, em parceria com os respectivos Ministérios da Cultura, com co-financiamento do IFC. A MEDI apoiará reformas legislativas, capacitação de artistas, e desenvolvimento de circuitos de actuação e produção sustentáveis.
A Vice-presidente de políticas globais da Global Citizen, Liz Agbor-Tabi, destacou que “a música deve ser reconhecida como catalisador de desenvolvimento económico”, alertando que sem políticas adequadas, mesmo o melhor talento cultural pode permanecer invisível. Já Michele Anthony, vice-presidente da UMG, declarou que “a MEDI é uma ferramenta para que a criatividade seja também desenvolvimento e justiça económica”.
O relatório de lançamento da iniciativa, “We Need Tracks Before We Have Trains”, co-autorado por Shain Shapiro e o economista musical Will Page, reforça a necessidade de estruturar os mercados musicais emergentes antes de esperar resultados comerciais robustos.
Ao promover um modelo de economia criativa assente em evidência empírica, políticas inclusivas e valorização do talento local, a MEDI assume-se como uma proposta inovadora com ambição continental — e global. O continente africano, em particular, está no centro desta estratégia, sendo visto como epicentro de crescimento cultural, demográfico e económico nas próximas décadas.
Com o envolvimento da plataforma Move Afrika, a iniciativa visa ainda o desenvolvimento de um circuito de espectáculos e festivais de classe mundial, ampliando oportunidades para artistas, técnicos e produtores locais, enquanto constrói pontes com o mercado global.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Ao colocar a música no centro das políticas de desenvolvimento, a MEDI propõe um novo paradigma: criar riqueza e inclusão através da cultura — e não apesar dela.
Fonte: O Económico