Mercado petrolífero global recua face à apreensão em torno de tarifas automóveis e tensões geopolíticas

0
15

Os preços do petróleo registaram ligeiras quedas na manhã desta quinta-feira, 27 de Março, à medida que os mercados avaliavam o impacto das tarifas automóveis impostas pelos Estados Unidos e os riscos geopolíticos associados à política externa norte-americana. O Brent recuou 0,3%, fixando-se em 73,57 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) cedeu 0,3%, para 69,42 dólares.

A tendência de descida surge após uma breve valorização no dia anterior, impulsionada por dados oficiais que revelaram uma redução nas reservas de crude e combustíveis nos EUA, bem como pelo anúncio de tarifas adicionais sobre países que continuam a importar petróleo venezuelano.

Especialistas do banco DBS consideram que as políticas da administração Trump relativamente ao Irão e à Venezuela continuam a representar os principais factores de pressão ascendente nos preços do petróleo. Contudo, a incerteza em torno da política comercial dos EUA está a moderar as expectativas do mercado.

A decisão da gigante indiana Reliance Industries de suspender as importações de petróleo venezuelano após o anúncio das novas tarifas é vista como um sinal de que os fluxos comerciais globais poderão ser afectados de forma mais ampla.

Tony Sycamore, analista do IG Group, destacou que as tarifas sobre automóveis podem ter um efeito paradoxal. “O aumento dos preços dos veículos pode atrasar a substituição da frota por modelos mais eficientes em termos de consumo, o que, a curto prazo, pode sustentar a procura por combustíveis fósseis”, referiu.

Do ponto de vista técnico, analistas da OANDA identificam uma zona de resistência nos preços do WTI entre os 73,50 e 74,00 dólares, onde a pressão compradora poderá abrandar. A expectativa de um possível aumento da produção por parte da OPEP+ em Maio também contribui para limitar ganhos adicionais.

Nos próximos dias, os investidores estarão atentos à publicação dos índices de gestores de compras (PMI) da China, que poderão dar indicações sobre o ritmo de recuperação económica da segunda maior economia do mundo e o seu impacto na procura global de petróleo.

Para além disso, a evolução dos níveis das reservas estratégicas dos Estados Unidos continuará a ser monitorizada de perto, uma vez que o Departamento de Energia iniciou recentemente novos leilões de crude da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR), numa tentativa de equilibrar o mercado interno face à crescente volatilidade global.

Segundo analistas da Energy Aspects, as perspectivas para o segundo trimestre de 2025 indicam uma potencial recuperação moderada da procura, especialmente na Ásia, mas as tensões geopolíticas e os riscos de perturbações no fornecimento poderão continuar a condicionar os preços. O equilíbrio entre oferta e procura manter-se-á frágil, especialmente se a OPEP+ optar por manter ou aumentar os actuais níveis de produção.

Num ambiente de volatilidade e incerteza política, os mercados petrolíferos mantêm-se sensíveis a qualquer sinal de perturbação nas cadeias de abastecimento, sobretudo num contexto de sanções, tarifas e possível aumento da oferta por parte dos principais produtores.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!