Mercado petrolífero reage à incerteza geopolítica e comercial

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A possibilidade de uma resolução rápida para o conflito na Ucrânia continua distante, enquanto a guerra comercial entre os EUA e a União Europeia adiciona pressão ao mercado energético. O petróleo recupera ligeiramente após perdas recentes, mas previsões apontam para um excesso de oferta global.

Os preços do petróleo recuperaram ligeiramente esta sexta-feira, após perdas superiores a 1% na sessão anterior, à medida que as tensões geopolíticas e comerciais continuam a moldar as expectativas dos mercados.

O barril de Brent subiu 0,7%, para 70,34 dólares, enquanto o WTI avançou para 67,03 dólares, também com uma valorização de 0,7%. A recuperação é, em parte, sustentada pela percepção de que um cessar-fogo na Ucrânia poderá demorar mais do que o esperado, o que mantém as incertezas sobre a oferta de energia russa no mercado global.

No entanto, factores como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia e as previsões de um excesso de oferta global apontam para um cenário de volatilidade no médio prazo.

Incerteza sobre cessar-fogo mantém volatilidade no petróleo

A principal fonte de incerteza para o mercado energético continua a ser a guerra na Ucrânia. Na quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, declarou que a Rússia apoia em princípio a proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias, mas apresentou uma série de condições que reduzem a probabilidade de um acordo no curto prazo.

A falta de consenso mantém a possibilidade de sanções económicas sobre a Rússia, o que restringe o fornecimento de petróleo e gás natural ao Ocidente e gera incertezas sobre os fluxos de energia globais.

“O apoio morno da Rússia à proposta de cessar-fogo reduziu as expectativas de uma resolução rápida do conflito”, afirmou Tony Sycamore, analista de mercados da IG.

Enquanto as sanções dos EUA e da União Europeia permanecerem em vigor, os fluxos de petróleo russo continuarão limitados, o que pode sustentar os preços do crude.

Tensões comerciais entre EUA e UE adicionam pressão ao mercado

Além da instabilidade gerada pela guerra na Ucrânia, os mercados de petróleo enfrentam uma nova fonte de preocupação: a escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia.

Na quinta-feira, o Presidente Donald Trump anunciou a intenção de impor tarifas de 200% sobre vinhos, conhaques e outras bebidas alcoólicas europeias, em resposta às novas tarifas da UE sobre whiskey americano, que, por sua vez, são uma retaliação às taxas de 25% sobre aço e alumínio impostas pelos EUA.

O risco de uma guerra comercial prolongada pode impactar a economia global, reduzindo a procura por petróleo e outros bens energéticos, à medida que empresas e consumidores enfrentam custos mais elevados.

Excesso de oferta global ameaça estabilidade dos preços

Enquanto os mercados lidam com as incertezas políticas, a Agência Internacional de Energia (IEA) alertou para um potencial excesso de oferta global de 600 mil barris diários ao longo de 2025.

A IEA reviu para baixo as suas previsões de crescimento da procura para o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025, citando o enfraquecimento das condições macroeconómicas e a escalada das tensões comerciais.

“As condições macroeconómicas que sustentam as previsões de procura por petróleo deterioraram-se no último mês devido ao aumento das disputas comerciais entre os EUA e vários outros países”, informou a IEA no seu mais recente relatório.

Com a produção dos EUA a crescer e a procura global a apresentar sinais de enfraquecimento, o mercado petrolífero pode enfrentar nova pressão descendente nos preços.

Perspectivas para o petróleo: estabilidade ou nova queda?

Embora muitos analistas apontem para uma tendência de queda nos preços do petróleo no curto prazo, alguns factores geopolíticos podem contrariar esta tendência.

Segundo analistas do ANZ Bank, a maioria das previsões de preços para o curto prazo são negativas, mas eventuais disrupções na oferta podem inverter esse cenário.

Um mercado instável e sensível a eventos políticos

A recuperação dos preços do petróleo nesta sexta-feira não apaga os riscos que continuam a afectar o mercado energético. A incerteza em torno do cessar-fogo na Ucrânia, a escalada da guerra comercial entre os EUA e a UE e as previsões de excesso de oferta global indicam que o mercado de petróleo permanecerá volátil.

O comportamento dos preços nas próximas semanas dependerá das decisões políticas e económicas que moldarão tanto a oferta como a procura global de energia. Enquanto isso, investidores e analistas permanecem atentos aos desenvolvimentos na frente geopolítica e ao impacto das políticas protecionistas na economia global.

Fonte: O Económico

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