Mercados Energéticos em Recuo: Petróleo Mantém Queda com Aumento de Reservas nos EUA e Pressão nos Mercados Financeiros Globais

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Os preços do petróleo mantiveram a trajectória descendente, penalizados pelo aumento das reservas de crude nos Estados Unidos e por um ambiente de aversão ao risco nos mercados financeiros globais, que se intensifica com preocupações fiscais e tensões geopolíticas.


O Brent foi negociado abaixo dos 65 dólares por barril, depois de ter recuado cerca de 1% nos dois pregões anteriores. Já o West Texas Intermediate (WTI) manteve-se ligeiramente acima dos 61 dólares. Os dados indicam uma acumulação de reservas comerciais de crude pelo segundo período consecutivo, a par de sinais de fraqueza na procura de gasolina e destilados — mesmo com a aproximação da época de verão nos EUA, tradicionalmente marcada por um pico de consumo.

A debilidade da procura interna norte-americana agrava-se num contexto em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados têm vindo a devolver volumes adicionais ao mercado, o que contribui para uma percepção de excesso de oferta. As cotações dos futuros do petróleo acumulam uma queda de 13% desde o início do ano.

Este movimento é agravado por receios de abrandamento económico global, resultantes da guerra comercial liderada pelos EUA e da deterioração fiscal norte-americana. A crescente preocupação com o défice público dos Estados Unidos levou a quedas nas acções, nos títulos do Tesouro e no valor do dólar, arrastando os mercados asiáticos.

Do ponto de vista geopolítico, persiste a tensão em torno das negociações nucleares entre Washington e Teerão, com relatos recentes a sugerirem que Israel estaria a preparar um eventual ataque contra o Irão. A confirmar-se, este cenário poderia reacender riscos sobre o abastecimento global. No entanto, especialistas como Charu Chanana, estratega-chefe da Saxo Markets, consideram que os “prémios geopolíticos têm sido passageiros, a menos que surjam ameaças reais e imediatas de interrupção da oferta”.

O prolongamento da guerra na Ucrânia também continua a influenciar os equilíbrios energéticos, com o Reino Unido a propor, na última reunião dos ministros das Finanças do G7 no Canadá, a redução do tecto de preços para o petróleo russo como forma de intensificar a pressão sobre Moscovo.

Apesar dos episódios de volatilidade, os analistas alertam que a tendência de baixa no preço do petróleo deverá persistir enquanto não se verificar um ajustamento estrutural da oferta e da procura, num ambiente global ainda marcado por incertezas económicas, fiscais e geopolíticas.

Fonte: O Económico

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