O dólar recuou ligeiramente esta terça-feira, mas manteve a maioria dos ganhos obtidos na véspera, impulsionado pelo acordo provisório entre os Estados Unidos e a China para reduzir tarifas durante 90 dias. A moeda chinesa valorizou-se para o nível mais alto dos últimos seis meses, arrastando consigo o dólar australiano e neozelandês, enquanto o euro e o iene registaram tímidas recuperações.
O alívio sentido nos mercados após o anúncio do acordo comercial entre Washington e Pequim reflectiu-se também no mercado cambial, onde o dólar norte-americano se manteve forte, apesar de uma leve correcção negativa de 0,25% face ao franco suíço, que passou a ser negociado a 0,8429.
O yuan chinês valorizou-se até 7,1855 por dólar, o seu valor mais alto em seis meses, o que impulsionou também moedas correlacionadas com a China, como o dólar australiano, que subiu 0,64% para 0,6412 dólares, e o dólar neozelandês, que ganhou 0,55% para 0,5889 dólares, segundo dados compilados no documento Dollar holds gains.docx.
A trégua tarifária, válida por 90 dias, foi bem acolhida pelos investidores, apesar das incertezas que persistem sobre a sua durabilidade. “É bem melhor do que o mercado esperava”, afirmou Rodrigo Catril, estratega sénior de câmbios do National Australia Bank, citado no mesmo documento. “É uma indicação de que a Administração dos EUA está atenta ao impacto das tarifas na economia.”
No velho continente, o euro avançou 0,25% para 1,1114 dólares após ter caído 1,4% na sessão anterior. O yen japonês recuperou 0,48% para 147,76 por dólar, revertendo parte da queda superior a 2% sofrida na segunda-feira. Ainda assim, segundo Catril, “existe margem para que o euro e o iene prolonguem os movimentos de recuperação nas próximas semanas”.
O índice do dólar (DXY), que compara a moeda com uma cesta de pares, manteve-se próximo do máximo de um mês, fixando-se em 101,54 pontos.
A trégua entre EUA e China levou os investidores a reverem as expectativas em torno da política monetária da Reserva Federal. Com menores riscos associados à guerra comercial, os mercados ajustaram a previsão de cortes de juros até Dezembro para cerca de 56 pontos base, segundo projecções do mercado de futuros.
David Doyle, chefe de economia do Macquarie, comentou que, apesar da redução do risco, “a incerteza continuará a pesar nas decisões da Fed, mas o anúncio do acordo comercial remove parte da pressão que existiria se as tarifas mais altas fossem mantidas”.
No mercado obrigacionista, os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano subiram, com a yield a dois anos a estabilizar perto de 4,009% e a yield de 10 anos a situar-se nos 4,465%.
Em paralelo, o mercado de criptomoedas acompanhou o movimento dos activos de risco. O bitcoin disparou para 102.600 dólares, o valor mais alto desde 31 de Janeiro, enquanto o ether desvalorizou 1,1% para 2.458,36 dólares, ainda assim perto do pico de dois meses alcançado na sessão anterior.
Fonte: O Económico