Resumo
Moçambique enfrenta um défice de financiamento de 8 mil milhões de meticais para o Plano de Contingência 2025/2026, estimado em 14 mil milhões de meticais, visando responder a desastres naturais na nova época chuvosa e ciclónica. Com até quatro milhões de pessoas potencialmente afetadas, o país é um dos mais expostos às alterações climáticas em África. O Governo desenhou medidas de resposta rápida e alternativas de financiamento, incluindo seguro paramétrico e doações. Com 64 distritos em risco de cheias, inundações e secas, Moçambique procura evoluir de uma abordagem reativa para uma preventiva e de recuperação, investindo na resiliência climática para mitigar perdas futuras. O financiamento do défice dependerá de parceiros internacionais e da mobilização nacional para transformar a vulnerabilidade em resiliência económica e social.
O Governo estima necessidades totais de 14 mil milhões de meticais (≈222 milhões de dólares), mas dispõe de menos de metade dos recursos exigidos para responder a desastres naturais.
Moçambique entra na nova época chuvosa e ciclónica com um Plano de Contingência 2025/2026 orçado em 14 mil milhões de meticais (≈222 milhões de dólares), mas enfrenta um défice de financiamento de 8 mil milhões (≈126 milhões de dólares). As previsões apontam para até quatro milhões de pessoas potencialmente afectadas, num dos países mais expostos aos efeitos das alterações climáticas em África.
O anúncio foi feito pelo porta-voz do Conselho de Ministros e ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, após a 35.ª sessão do órgão, realizada em Maputo.
Segundo o Ministro, o Governo desenhou três cenários principais de impacto:
“A leitura feita pelas nossas equipas indica que, nos termos actuais das previsões meteorológicas, o cenário intermédio é o mais provável”, explicou Impissa.
O plano estabelece medidas de resposta rápida, acções antecipadas e mecanismos de financiamento alternativos, incluindo o seguro paramétrico e doações em espécie ou numerário.
Riscos Climáticos e Vulnerabilidade
De acordo com o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), 64 distritos do país apresentam riscos elevados de cheias, inundações e secas nesta época chuvosa.
Nos últimos anos, Moçambique tem sido repetidamente atingido por fenómenos meteorológicos extremos, com três ciclones registados apenas entre Dezembro de 2024 e Março de 2025, incluindo o ciclone Chido, o mais devastador, que causou quase 200 mortes.
Entre 2019 e 2023, os desastres naturais provocaram 1.016 mortes e afectaram 4,9 milhões de pessoas, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Boa parte da resposta às situações de desastre depende do comportamento dos cidadãos e do nível de preparação das comunidades”, salientou o ministro, apelando à prevenção e ao cumprimento das orientações de segurança.
Mudança de Política: De Emergência à Resiliência
O Governo reconhece que o foco da política de gestão de desastres deve evoluir de uma abordagem reactiva para uma lógica preventiva e de recuperação.
“A política alterou. Para nós, agora, é investir na recuperação e não propriamente nos desastres. Queremos investir mais no restabelecimento das pessoas e das condições que as tornem mais resistentes e resilientes”, afirmou Impissa.
A aposta na resiliência climática — através de previsões meteorológicas mais precisas, infraestruturas adaptadas e educação comunitária — é considerada crucial para mitigar perdas humanas e económicas nas futuras épocas chuvosas.
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O Plano de Contingência 2025/2026 traduz a dupla realidade de Moçambique: um país em crescente capacidade institucional de previsão e resposta, mas ainda limitado financeiramente para enfrentar desastres de grande escala.
O financiamento do défice dependerá do engajamento dos parceiros internacionais, da eficácia dos mecanismos de seguro e da mobilização nacional para transformar a vulnerabilidade estrutural em resiliência económica e social.
Fonte: O Económico