Por: Gentil Abel
A participação de Moçambique na 80.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, representou um momento de afirmação internacional para o Presidente Daniel Chapo. Pela primeira vez diante do pódio das Nações Unidas, Chapo destacou os avanços do país no domínio da democracia e procurou posicionar Moçambique como um exemplo positivo no continente africano.
Durante a sua intervenção, o Chefe de Estado sublinhou que a presença moçambicana na ONU é fruto de um sistema político baseado em princípios democráticos. Segundo afirmou, o país tem vindo a consolidar práticas eleitorais regulares, assentes em transparência e na expressão da vontade popular.
No entanto, o discurso surge num contexto interno marcado por tensões recentes. Recorda-se que Moçambique atravessou cerca de cinco meses de instabilidade política, motivada pela contestação aos resultados das eleições de 9 de outubro de 2024, liderada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane. As manifestações, que tiveram início como protestos pacíficos e tomando o rumo de protestos violentos, acabaram por resultar em confrontos que provocaram a morte de aproximadamente 400 pessoas e a destruição de vários bens públicos e privados.
Desta feita, Chapo sublinhou que o país tem demonstrado resiliência institucional. De forma enfática, declarou que a participação de Moçambique na Assembleia Geral traduz a existência de um quadro democrático sólido, sustentado pela realização de eleições livres e pela busca constante de estabilidade. Nas suas palavras, o que se pretende é mostrar que o processo político moçambicano tem capacidade de superar adversidades e de responder às expectativas da sua população.
A intervenção de Chapo em Nova Iorque foi, portanto, não apenas uma oportunidade de projectar a imagem de Moçambique no cenário internacional, mas também uma tentativa de reafirmar a legitimidade interna do seu mandato. Se, por um lado, o discurso enalteceu a democracia moçambicana, por outro trouxe à memória os desafios que o país ainda enfrenta no caminho da consolidação política.
Num palco global como a ONU, onde se discutem os grandes problemas mundiais, a participação de Moçambique ganha peso simbólico. Contudo, a credibilidade dessa afirmação dependerá da capacidade do governo em garantir um futuro político estável e inclusivo, capaz de evitar que episódios como os registados em 2024 voltem a abalar o país.







