O Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM) anunciou que o País poderá ultrapassar a meta de comercialização da castanha de caju estimada em 152 mil toneladas, impulsionado pelos bons níveis de produção registados nesta campanha.
O Director-Geral do IAM, Ilídio Bande, em entrevista a Radio Moçambique, revelou que a comercialização e exportação da castanha de caju em bruto poderá atingir cerca de 160 mil toneladas ainda este ano, um marco significativo para a economia do sector.
“O desempenho desta campanha tem sido muito positivo. Ainda não terminou, mas estamos confiantes de que ultrapassaremos a fasquia das 160 mil toneladas, o que já é um excelente resultado”, afirmou Bande.
Preços mais competitivos impulsionam o sector
O crescimento na comercialização da castanha também se deve à melhoria dos preços de referência, que passaram de 35 meticais por quilograma na campanha anterior para 45 meticais por quilograma na presente safra. Esta valorização está a trazer ganhos significativos para produtores, comerciantes e exportadores, reforçando a atratividade da cultura no mercado.
Apesar dos avanços, o IAM destaca que o principal desafio do sector continua a ser a melhoria da qualidade e a promoção internacional das amêndoas moçambicanas, de modo a garantir maior competitividade nos mercados externos.
Perspectivas para o futuro
Segundo Bande, as reformas em curso no sector e a implementação do novo regulamento para a comercialização da castanha de caju deverão permitir uma evolução ainda mais expressiva nos próximos anos. “Com estas novas dinâmicas, estamos convencidos de que Moçambique tem potencial para alcançar patamares ainda mais elevados, consolidando-se como um dos principais produtores e exportadores de castanha de caju no mundo”, concluiu o responsável, em declarações à Rádio Moçambique.
O sector da castanha de caju tem sido uma importante fonte de rendimento para milhares de famílias moçambicanas, além de desempenhar um papel estratégico na diversificação das exportações do país. Com os actuais indicadores positivos, a expectativa é que Moçambique reforce a sua posição no mercado global e aumente a sua capacidade de transformação interna, agregando mais valor à produção nacional.
O mercado internacional da castanha de caju tem demonstrado crescimento constante nos últimos anos. Em 2024, o tamanho do mercado foi estimado em 7,82 mil milhões de dólares e projeta-se que atinja 9,20 mil milhões de dólares até 2029, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 3,31% durante o período de 2024 a 2029.
Principais Produtores e Exportadores
A produção mundial de castanha de caju in natura atingiu 3,9 milhões de toneladas em 2023. Os principais países produtores incluem o Vietname, Índia, Costa do Marfim e Brasil. O Vietname destaca-se como o maior exportador de castanha de caju beneficiada, seguido pela Índia e Países Baixos.
Oportunidades e desafios do mercado internacional da castanha de caju
O mercado global da castanha de caju continua a crescer, impulsionado pela procura por alimentos saudáveis e pelo aumento do consumo em diversas regiões do mundo. A América do Norte e a Ásia-Pacífico destacam-se como mercados em expansão, oferecendo novas oportunidades para exportadores, especialmente dos países africanos e do Sudeste Asiático.
Além disso, investir no processamento local pode ser um diferencial estratégico. Em vez de exportar apenas a castanha em bruto, os países produtores podem beneficiar-se financeiramente ao vender produtos de maior valor agregado, como amêndoas processadas e derivados. Esta abordagem não só aumenta as receitas, como também fortalece as indústrias locais e gera mais empregos.
Contudo, o setor enfrenta desafios significativos. As flutuações de preço, muitas vezes causadas por factores climáticos e oscilações na oferta e procura, representam um risco para produtores e comerciantes. Para além disso, a necessidade de cumprir rigorosos padrões de qualidade nos mercados internacionais exige investimentos contínuos em tecnologia e capacitação.
Outro obstáculo é a infraestrutura deficiente em alguns países produtores, sobretudo em África, onde as dificuldades logísticas podem limitar a eficiência da cadeia de abastecimento. Melhorar a conectividade entre áreas de produção e os principais portos de exportação é essencial para reduzir custos e aumentar a competitividade da castanha de caju no mercado global.
Com um crescimento sustentado e um mercado em evolução, a castanha de caju continua a ser uma commodity promissora, desde que os desafios estruturais sejam enfrentados com políticas eficazes e investimentos estratégicos.
Contexto moçambicano
Moçambique, historicamente um dos maiores produtores de castanha de caju, tem trabalhado para revitalizar o sector. A produção nacional atingiu 108 mil toneladas em A província de Inhambane, por exemplo, comercializou mais de 11 mil toneladas na campanha agrícola 2024-2025, gerando receitas superiores a 36 milhões de meticais.
Para aproveitar as oportunidades do mercado internacional, Moçambique enfrenta desafios como a melhoria da qualidade da castanha, investimento em unidades de processamento e fortalecimento da infraestrutura logística. Abordar esses pontos é crucial para aumentar a competitividade e assegurar uma maior participação no mercado global de castanha de caju.
Fonte: O Económico