Moçambique Reforça Abertura à Rússia e Procura Investimento para Gás e Petróleo

0
14

Por: Alfredo Júnior

O Governo de Moçambique reiterou o seu interesse em reforçar a cooperação económica com a Federação Russa, particularmente no sector energético. A intenção foi manifestada pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maria Santos Lucas, após um encontro com o seu homólogo russo Sergey Lavrov, em Moscovo

Segundo declarações citadas pela agência Lusa, Moçambique quer ver empresas privadas russas a operarem na exploração de gás e petróleo em território nacional, com especial destaque para a província de Cabo Delgado, região rica em recursos mas abalada por conflitos armados e instabilidade desde 2017

A proposta surge num contexto em que o país continua a apostar fortemente no sector extractivo como motor de desenvolvimento económico. Em 2024, Moçambique atraiu mais de 3 mil milhões de euros em investimento estrangeiro directo (IDE), dos quais 87% foram aplicados na indústria extractiva, com grande incidência nos projectos de gás natural liquefeito na Bacia do Rovuma

Entre os principais investimentos em curso destaca-se o projecto Coral Norte FLNG, liderado pela petrolífera italiana Eni, que representa um investimento de 6,6 mil milhões de euros. Este projecto prevê gerar receitas superiores a 23 mil milhões de dólares norte-americanos ao longo de 30 anos, com uma produção estimada de 3,55 milhões de toneladas por ano a partir de 2028

Do lado russo há igualmente sinais de abertura. Empresas como a Rosneft, Inter RAO Export e Rosseti já mantêm relações com instituições moçambicanas, tendo assinado memorandos com a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos e o Instituto Nacional de Petróleos. O ministro Lavrov mencionou ainda que companhias como a Kamaz e a TMK estão prontas para expandir as suas actividades em Moçambique

Apesar do entusiasmo, os riscos persistem. A insegurança em Cabo Delgado, provocada por grupos insurgentes, levou à suspensão temporária do projecto liderado pela TotalEnergies, avaliado em 20 mil milhões de dólares. A retoma das actividades na região continua dependente da presença militar de países como o Ruanda, que mantêm tropas no terreno para garantir a segurança dos empreendimentos

O Governo moçambicano vê no interesse russo uma oportunidade para diversificar parcerias, atrair nova tecnologia e assegurar financiamento adicional num momento em que procura consolidar a sua posição como potência emergente no sector energético africano

Com os projectos actuais e futuros, Moçambique poderá alcançar receitas acumuladas superiores a 100 mil milhões de dólares nas próximas décadas, colocando o país entre os maiores exportadores de gás natural do continente

Num cenário de reconstrução pós-conflito, a aposta do Governo é clara: transformar recursos naturais em fonte sustentável de desenvolvimento, mas com vigilância diplomática e cautela estratégica nas alianças internacionais

 

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!